Solitude
Entre os uivos em nossas paredes ocas, e apenas nelas, é que percebemos a impossibilidade da presença de outros uivos durante o caminhar. Não há externo, não há alguém por você, mas também há. Há sempre porção de presenças afetuosas, porém se farão ausentes logo ao dobrarmos a esquina. Os caminhos são parecidos a todos, somos nós que fingimos não saber, com nossa ilusão autopsicotrópica desde paridos. Os bandos, os pares, os afins, os acolhedores e os que nos causarão algum prejuízo, sempre estiveram e estarão. Não falo sobre viver só, um não precisar arrogante; mas sim da absoluta solitude necessária para se poder tornar algo que valha a vinda nesse caos bonito e áspero. Mas é nas paredes ocas, resistindo aos abandonos, aceitando que ninguém é caminho de voltar pra casa, que aceitamos. Enxergamos que de fato vivemos em relações de conveniência, na maior amplitude que a palavra possa ter. E é tão humano o descarte. E é tão humano o descartar de forma sutil ou exibida nesse convés do desinteresse. Nada errado. Ninguém pode ser caminho pra ninguém e a gente sempre soube. Entretanto, ter coragem pra ficar só nas paredes ocas ouvindo os próprios uivos, quase ninguém tem.