Uma fala se abre
para a negatividade
Minha voz inversa
experimentada na materialidade
do horror diário
na substância bruta dos nomes
que não sabe pronunciar
na solidão absoluta do
imperioso silêncio
Se eu digo “fora” é
aqui dentro que machuca mais
a pior violência é ter de
calar
assim o poema não cumpre
sua tarefa de curto-circuito
E se digo nessa voz
mecânica
me desfaço em
infinitos pixels
diminutas partes do
holograma eu
transformação incorpórea
O que resta para o curto-circuito
do poema?
Choque elétrico é muito
pouco
Volto ao estado de natureza

 

*Poema de Ibriela Berlanda

Abrasabarca

ABRASABARCA se dedica à pesquisa, descoberta e (re)invenção poética. Somos um coletivo que se formou em encontros para ler poemas e falar de literatura em torno da mesa, da fogueira, do vinho, dos livros. A brincadeira de ler em conjunto o texto de outras e outros nos trouxe o desafio e o prazer da escrita autoral. Formado por Ariele Louise, Ana Araújo, Elisa Tonon, Ibriela Sevilla, Juliana Ben, Juliana Pereira e Luciana Tiscoski, realizou as publicações Abrasabarca (Medusa, 2018) e Revoluta (Caiaponte, 2019). Principais performances: Durar ou arder? (Quinta Maldita, 2018), Uma mulher o que é? (Sarau da Tainha, 2019), Como olhas? (FestiPoa Literária, 2019), Revoluta (Bienal Internacional de Curitiba/ Polo SC, 2019).

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