Quando já era amanhã e máscara,
agora só de carnaval,
excedentes borrifadores de álcool aos santos foram dados.
Esguicho pro lado e abaixo festejam nosso pedido acatado e pés e narizes nas ruas

Borrifam eufóricos
porque veem encontramos deus,
(finalmente ele?)
deus vem todo dia nas lixeiras
às seis horas da manhã recolher nosso descarte
e as sobras do desleixo

No entanto deus é
também ela consegue, sabe, quer parir
vai poder receber a família (os santos já borrifam trôpegos)
ela baixa a febre do filho celebra que a febre se foi
(lavamos as mãos?)

Os santos seguem a achar razões
pra usar tanto borrifador
não sabemos
se chove ou se é festa sagrada
quando do alto nos gritam:
vocês respiram sem aparelhos, respiradores e máscaras!

Fêre Rocha

Fêre Rocha

Jornalista, escreve no Blog da Fêre há oito anos, espaço criado para publicação de seus escritos e divulgação da música brasileira. Fêre tem algumas parcerias musicais com músicos de Floripa e Sampa e é colunista na revista digital Itinerário Imprevisto. Cotidiano Horizonte é seu primeiro livro publicado.

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