Frente Nacional é criada para lutar pelos direitos políticos das brasileiras
Na política, os anos ímpares costumam ser de costuras de bastidor para reformar as regras eleitorais das eleições dos anos pares. São negociações e articulações políticas que ocorrem distanciadas da população, sempre em urgência, e na maioria dos casos objetivam a preservação do poder por quem está no poder. Para incidir neste debate e barrar os retrocessos da Reforma Política que está em discussão no Congresso Nacional, foi criada a Frente Nacional Pelo Avanço dos Direitos Políticos das Mulheres (FADPM), que integramos como Meu Voto Será Feminista, ao lado de várias e poderosas organizações de mulheres e de luta pela democracia. É uma frente para democratizar a política institucional e conquistar a equidade de gênero e raça/etnia.
Há muito o que enfrentar. A Proposta de Emenda Constitucional – PEC 125/11, chamada de emendão pelo tanto de proposições díspares que congrega, tem mais de 120 páginas e 54 artigos que tratam de cotas de assento para mulheres (em percentuais baixíssimos) e pessoas negras, transformação do sistema eleitoral, retorno do financiamento privado, mudança no sistema contagem de votos, etc. Muitas delas representam retrocessos democráticos que precisam ser impedidos.
A primeira ação da Frente foi protocolar na Câmara dos Deputados e das Deputadas um manifesto assinado por 135 organizações de todo o país, fazendo o necessário alerta quanto aos graves riscos representados pelas propostas. Em destaques, a perigosa mudança para o sistema distrital, que encerra o sistema proporcional e introduz o majoritário para a eleição das Câmaras, um formato que ameaça a representatividade nos parlamentos, pois encarece as campanhas e dificulta o acesso das mulheres, pessoas negras e diversas; e a cota de acentos para mulheres no parlamento: há propostas diversas, numa delas os percentuais são de 12%, 15%, 17%, escalonados a partir das próximas legislaturas. São números baixíssimos, que reduzirão a participação feminina na própria Câmara Federal (hoje com 15%) e em muitas assembleias estaduais e câmaras municipais.
Nenhum passo atrás
O ponto de partida da luta pela paridade é manter o patamar mínimo atual de candidaturas (30%) para propostas que assegurem o que já foi conquistado e possam ampliar este percentual, rumo a uma realidade mais democrática de representação política. Por isso defendemos que a Lei de Cotas deve ser minimamente mantida no seu formato atual, ou avançar ampliando seu escopo. Menos de 30%, nunca!
Transparência como princípio
Nós do Meu Voto Será Feminista e da FADDPM defendemos que sejam assegurados mecanismos mais efetivos e transparentes para o financiamento proporcional das candidaturas femininas e negras. Transparência também nos debates: a sociedade e as organizações precisam ser ouvidas nos órgãos da Câmara, Senado Federal e Tribunal Superior Eleitoral, bem como nas instâncias de deliberação dos partidos políticos em âmbito municipal, estadual e nacional.
Enfrentamento às violências
O manifesto destaca, ainda, a importância de que sejam debatidas e aprovadas proposições legislativas que tematizam a violência política de gênero e raça, em defesa da sociedade democrática e das liberdades fundamentais das mulheres brasileiras. Não podemos retroceder!
Vem participar!
Se seu movimento, organização, grupo ou instituição quiser integrar a Frente, preencha o formulário: https://forms.gle/xtKTeHX9cX5YsmCT9. Para assinar o manifesto, insira os dados da sua organização aqui: https://docs.google.com/document/d/13ltlmWY0j6cskHwfFnyIfGaYqh9iM3FxnQPM1covXG0/edit