Frango com farofa é um deboche com a dor do povo brasileiro
No último domingo (30), em Brasília, um assessor deixa “vazar” a filmagem do presidente Jair Bolsonaro comendo frango com farofa em uma barraca de rua.
A cena por si só já é absurda e nada de popular: sentado comendo com as mãos sujas, com toda sua equipe sem máscara, derrubando farofa nas calças e no chão, completamente engordurado de frango. Não tem nada de popular, é relaxado mesmo. Não consegue comer um frango com farofa sem fazer lambança, imagina governar um país.
Mais do que isso, um novo desserviço em pleno curso de contaminação de Omicron no país. Na semana de 16 a 23 de janeiro, a taxa de contágio chegou a 1.78, o maior valor desde janeiro de 2021.
Isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem a Covid-19 para outras 178 (Pesquisa Info Tracker – USP e Unesp, responsável por monitorar o avanço e o ritmo de contaminação da doença no país). Tudo isso ainda com a demora para vacinação das crianças e adolescentes, a falta de testes e aumento de mortes e lotação das UTI’s.
Mas a intenção é transformar a figura que ficou caracterizada como Genocida, que desdenha da vida do povo, em alguém popular e mais humano. Mas como humanizar Bolsonaro depois de tanto descaso, mais de 627 mil mortos pelo Covid-19 e tanto negacionismo? Impossível ao meu ver!
Nem coberto de toda a farofa do mundo, Bolsonaro convence que tem algum tipo de humanidade dentro de si.
Tentou popularizar a cena do churrasquinho com farofa, esquecendo os dados públicos em relação ao Cartão Coorporativo, que no seu governo já soma R$29,6 milhões de reais gastos e que somente em dezembro, com as férias de sua família, passeio, pescaria, jet-ski, churrasco, foram gastos R$1,5 milhões.
Mais do que isso, debochou dos dados da fome, que atingiu 19,1 milhões de pessoas em 2020. Parte de um contingente de 116,8 milhões de brasileiros que convivam com algum grau de insegurança alimentar — número que corresponde a 55,2% dos domicílios, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Penssan.
O Auxílio Brasil não cobre o valor que está uma cesta básica e temos o menor número de consumo de carne dos últimos 26 anos. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo da cesta básica, em janeiro de 2022 deve ficar em torno de R$700,00 na cidade de São Paulo e o valor médio do Auxílio Brasil está em R$407,00.
Então resolvi dar uma passadinha pra lembrar que não adianta comer com as mãos em sinal de humildade e simplicidade e gastar quase R$27 mil por dia nos últimos 3 anos, do dinheiro do contribuinte no cartão corporativo.
Humanidade se constrói todos os dias, em especial no principal cargo executivo do país, em que a humanidade não deveria ser uma opção, mas um ponto fundamental para pensar o orçamento, formular políticas públicas e fazer o estado chegar nos diferentes pontos tão carentes de tudo nesse país.