Enfrentava problemas constantes de sincronia física. Sim, porque alguns de seus movimentos básicos eram contraditórios. Básicos e contraditórios e escassos e algozes. Cerrava os dentes à noite com a força de uma centena de quilos. Era isso até desgastar partes e as lascas caírem de modo a senti-las na língua pela manhã. Entre as pernas não, nunca, nada encostava. Elas em si cerradas. Sem fricção das mãos em pele, nos ossos. Sem liberdade esfregada, nem força.

Toda a negação de corpo, de mãos, virava bruxismo.
Pobre bruxa.

 

Fêre Rocha

Jornalista, escreve no Blog da Fêre há oito anos, espaço criado para publicação de seus escritos e divulgação da música brasileira. Fêre tem algumas parcerias musicais com músicos de Floripa e Sampa e é colunista na revista digital Itinerário Imprevisto. Cotidiano Horizonte é seu primeiro livro publicado.

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