Eu não deveria te dizer, Madalena, mas não vai ter outra vez igual. Amanhãs? Não, Madalena. Nada de amanhã ou colo. Nem outros goles ou tragos ou pescoços. Gravou bem a cena? A cena da gente rindo do roxo do vinho nos dentes? Colou na memória feito cola de sapateiro na sola daquele sapato que deixava tuas pernas ainda mais lindas? A gente rindo e indo e vindo e esquecendo do mundo, você gravou Madalena? Não teremos outra, não teremos tempo nem a sorte que disse a cartomante. Aquela sorte de ter te visto ali sozinha, dançando sorrindo. De quando você ficou doida em saber que eu era aquele que você já conhecia, mas não assim pessoalmente em voz, perfume e sotaque. O que é feito da sorte Madalena? Quem tem coragem de aceita-la?

Eu não deveria ter dito isso tudo. Sumir também não deveria ter sumido. Não me ame tanto, Madá. Fingirei o mesmo. Vou buscar você sempre grudada na memória, que esta, diferente de mim, não se acovarda.

O jornalismo independente e de causa precisa do seu apoio!


Fazer uma matéria como essa exige muito tempo e dinheiro, por isso precisamos da sua contribuição para continuar oferecendo serviço de informação de acesso aberto e gratuito. Apoie o Catarinas hoje a realizar o que fazemos todos os dias!

Contribua com qualquer valor no pix [email protected]

ou

FAÇA UMA CONTRIBUIÇÃO MENSAL!

  • Fêre Rocha

    Jornalista, escreve no Blog da Fêre há oito anos, espaço criado para publicação de seus escritos e divulgação da música...

Últimas