Moradora da comunidade dos Marmentine, em São Domingos, no oeste catarinense, Loreci conseguiu conquistar a aposentadoria há três meses 

Assim que houve o anúncio da reforma da Previdência, Loreci Marmentine Adriano, 55 anos, começou uma contagem regressiva para se aposentar. Por sorte, conseguiu acessar o benefício antes das regras mudarem. “Dia 2 de fevereiro consegui encaminhar tudo e hoje já estou aposentada”, conta a agricultora. Recebendo a aposentadoria há poucos meses, ela ainda não diminui o ritmo de trabalho, mas não vê a hora de poder descansar.

Donos de uma pequena produção, ela e o marido Anselmo Marmentine levantam cedo e antes das seis da manhã já estão cuidando da plantação de fumo. O único filho, que está de férias do emprego da cidade, ajuda os pais na roça.

Quando o sol fica forte, perto das dez da manhã, Loreci desce o morro pra ir pra casa fazer almoço da família. Com um chapéu de palha e blusa de mangas compridas, Loreci sua muito, mas apesar do calor prefere manter a roupa para minimizar a exposição ao veneno aplicado nos pés de fumo.

Morando perto dos seus pais, ela vê como o dinheiro da aposentadoria de sua mãe de 77 anos ajuda na compra de remédios. Sua expectativa é que a partir de agora, além de não trabalhar de forma tão pesada, o seu dinheiro próprio possa ajudar nas contas da casa.

“Consegui me aposentar antes de mudar as regras, só fui até o sindicato e o advogado encaminhou tudo”. A grande maioria das trabalhadoras tem no sindicato o suporte para os encaminhamentos jurídicos e as informações necessárias para a aposentadoria. Como a trabalhadora rural não tem carteira assinada, um dos comprovantes exigidos pelo INSS foi uma carta assinada pelo presidente do sindicato atestando que era filiada, além de notas que certificam a venda da produção, os chamados “bloco do produtor”.

Apesar de já aposentada, Loreci teme que a Reforma da Previdência aconteça e prejudique sua família e vizinhos. Anselmo, seu esposo, participou de uma mobilização do sindicato e voltou para casa nervoso. Se acontecerem todas as mudanças que pretende o governo de Temer, o orçamento de propriedades pequenas, como a dele, passarão por tempos difíceis.

 

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