Pessoas transgênero são aquelas cuja identidade de gênero é diferente do sexo atribuído a elas no nascimento. Isso significa que, ao nascer, elas podem ter sido designadas como do sexo masculino ou feminino com base em características biológicas, mas, ao longo da vida, se identificam com um gênero diferente daquele atribuído.

Por exemplo:

  • Uma pessoa designada do sexo masculino ao nascer, mas que se identifica como mulher, é uma mulher trans.
  • Uma pessoa designada do sexo feminino ao nascer, mas que se identifica como homem, é um homem trans.

A identidade de gênero diz respeito à forma como uma pessoa se percebe internamente em relação ao seu gênero, independentemente de seu corpo ou aparência física. Pessoas trans podem ou não optar por fazer mudanças em seus corpos (como cirurgias ou tratamentos hormonais), mas o que define uma pessoa transgênero é a diferença entre o gênero com que elas se identificam e o gênero atribuído no nascimento.

Você já se perguntou quais são as dificuldades das pessoas transgênero na sociedade?

  1. Discriminação e preconceito em diversos ambientes
  2. Acesso restrito ao mercado de trabalho, levando ao desemprego, subemprego e/ou ofertas de trabalho na informalidade.
  3. Dificuldades de acesso à saúde, especialmente para cuidados relacionados à transição (refere-se serviços ambulatoriais que devem oferecer acompanhamento clínico, pré e pós-operatório, além da hormonização, realizados por uma equipe multiprofissional, pelo SUS).
  4. Violência frequente, incluindo agressões e homicídios, no Brasil a violência é alarmante.
  5. Rejeição familiar e social, resultando em isolamento e problemas de saúde mental.
  6. Burocracia legal para alterar nome e gênero em documentos.
  7. Saúde mental prejudicada pelo estigma, com altos índices de depressão e tentativas de suicídio.

Essas são apenas algumas das dificuldades que as pessoas trans enfrentam para viver na sociedade hoje em dia. Para entendermos melhor essas dificuldades, entrevistamos nosso professor trans, Benin Rosa da Costa, de 26 anos, e perguntamos a ele qual era a maior dificuldade que enfrenta. Benin é educador social, macumbeiro e estuda História na Universidade Federal de Santa Catarina. 

“O maior desafio de ser uma pessoa trans, eu acho que, além das pessoas não respeitarem meus pronomes, respeitarem aquilo que eu sou de verdade, o pior de todos é a documentação. Porque quando a gente nasce, colocam um nome que eles querem que a gente tenha, e colocam na certidão de nascimento. E, quando vamos crescendo, também fazemos outros documentos, como RG, CPF, carteira de trabalho. Meus contratos de trabalho são todos baseados nesses documentos. E, para trocar o documento, para colocar meu nome de verdade, o nome que eu escolhi, é muito difícil”.

Benin também falou sobre os seus pronomes e o que é uma pessoa cis

“Então, quando você nasce cis, é porque você nasce de uma forma e as pessoas dizem que você é isso e você aceita que você é isso. Uma pessoa trans é o oposto disso. Dizem que eu… Diziam que eu era uma menina mas na verdade eu nem me considero nem uma menina e nem um menino, eu sou uma pessoa não binária. Os meus pronomes são ele e elu, são pronomes masculino e neutro”.

Porque a comunidade trans tem sua humanidade negada?

A comunidade trans tem sua humanidade frequentemente negada devido a uma combinação de fatores sociais e culturais. A cisnormatividade faz com que a sociedade enxergue apenas identidades cisgêneras como “normais”, excluindo pessoas trans e invalidando suas experiências. A desinformação e os estereótipos negativos, resultantes de falta de educação e compreensão, levam à estigmatização, tratando pessoas trans como “anormais” ou “confusas”.

Além disso, crenças religiosas e morais rígidas reforçam a visão de que só existem dois gêneros legítimos, homem e mulher, marginalizando identidades que não se encaixam nessa visão tradicional. A discriminação institucional também contribui, já que muitas vezes as pessoas trans enfrentam barreiras legais e sociais, como dificuldade para alterar documentos e acesso restrito a cuidados de saúde apropriados.

A violência e exclusão social intensificam essa desumanização, tornando-as alvos frequentes de agressões físicas e verbais, além de marginalização em suas comunidades. A falta de representação em posições de poder ou na mídia reforça a invisibilidade das experiências trans, o que contribui ainda mais para a negação de sua humanidade.

Confira parte do diálogo que fizemos com o professor Benin

Narrar para transgredir é uma ação do projeto “Comunicação, Saúde e Gênero – educação sexual para adolescentes de bairros periféricos de Florianópolis (SC)”, que tem o apoio da Prefeitura Municipal de Florianópolis.

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