O vício em pornografia está classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como distúrbio psicológico, que desregula o sistema de recompensas do cérebro, assim como o alcoolismo e o tabagismo. De acordo com matéria publicada no Portal Drauzio Varella, “ao assistir a um filme pornô, há a liberação de dopamina. Toda vez que esse consumo acontece, mais dopamina é liberada, o cérebro imediatamente dispara uma sensação de felicidade e a pessoa se sente ‘recompensada’. Assim, o cérebro entende que aquilo é bom e pede recompensas cada vez maiores, o que gera uma condição patológica”.

Além disso, o estímulo da dopamina produzida pela pornografia pode durar mais de 10 horas no cérebro. Dessa maneira, cada consumo de pornografia acarreta na perda da sensibilidade e a pessoa sente a necessidade de maior consumo, elevando as horas/quantidade de pornografia consumida, contribuindo para desenvolver uma modalidade de vício. 

Atualmente, não existe um número exato de pessoas que sofrem com o vício em pornografia, mas um levantamento realizado em 2018 pela Quantas Pesquisas e Estudos para o Canal Sexy Hot Canal Sexy Hot revelou que mais de 22 milhões de pessoas consomem pornografia no Brasil. Sendo deste número, 76% é de homens e 24% de mulheres. E mais da metade desse público é jovem, tem menos de trinta anos. 

Isso nos levou a considerar o tema como pauta para a nossa matéria, por isso, trazemos um breve depoimento de um jovem estudante, de 19 anos, que nos revelou ter graves problemas com o consumo excessivo de pornografia. Começou com esse “problema” aos 14 anos e, hoje em dia, tem conseguido evitar a pornografia, o que tem contribuído para maior socialização entre colegas e pessoas próximas.

Grupo – Olá, você poderia falar da tua relação com a pornografia?

Resposta – Bom, realmente não era controlada, você só vai deixando aos poucos quando percebe que não precisa dela. Um dia sem consumir, estava sempre procurando ou esperando um momento. Em alguns momentos eu não tinha vontade e mesmo assim fazia como se fosse uma obrigação. Minha vida social nem tanto, mas minha vida pessoal foi afetada. 

Digamos que psicologicamente, me sentia triste e sentia que a única sensação boa era naquele momento, mas sempre que acabava, sentia remorso e/ou arrependimento, forte o suficiente para me fazer pensar e me sentir mal. Sentia que mais uma vez não conseguia ter controle sobre mim mesmo, me via “destruindo” e parecia que não conseguia fazer nada, muitas vezes. Às vezes tentei não fazer e só conseguia passar algumas horas sem fazê-lo.

O que concluímos

Para nós, do grupo, o depoimento converge com a hipótese levantada inicialmente, de que o vício em pornografia se iguala a outros vícios que, considerados como patologia, afetam a vida das pessoas que a consomem. Além disso, outro ponto observado com a matéria é que jovens são grupos com maior vulnerabilidade aos malefícios a pornografia, uma vez que ainda estão em desenvolvimento. O fato é que qualquer pessoa pode, por meio de um computador ou celular, acessar de maneira ilimitada e sem custos sites de pornografia. 

Listamos alguns filmes que podem interessar sobre o tema  

São filmes e séries que podem auxiliar na jornada de desprendimento do vício em pornografia. As obras, em geral, retratam cenários realistas e lutas emocionais, permitindo-nos refletir e nos conectar mais profundamente. Com a ajuda deles, você consegue ter melhor consciência sobre os padrões do próprio comportamento e tomar decisões informadas sobre o consumo da pornografia. 

Euphoria (2019)   

É uma série de televisão americana de drama adolescente criada por Sam Levinson, baseada na minissérie israelense de mesmo nome, de 2012, dos roteiristas Ron Leshem, Daphna Levin e Tmira Yardeni. A série é protagonizada por Zendaya, Maude Apatow, Angus Cloud, Eric Dane, Alexa Demie, Jacob Elordi, Barbie Ferreira, Nika King, Storm Reid, Hunter Schafer, Algee Smith, Sydney Sweeney, Colman Domingo. Euphoria aborda as experiências pessoais de um grupo de adolescentes do ensino médio em relação a drogas, amizades, traumas, sexo, bullying, aceitação, inseguranças e sexualidade. Criador, roteirista, diretor e showrunner, Sam Levinson em 2018.  

Plataforma: Max.

Vergonha (2011)

“Shame” fala sobre o mundo do vício em sexo e é lindamente retratado por Michael Fassbender como Brandon Sullivan. Dirigido por Steve McQueen (conhecido por seu filme vencedor do Oscar “12 Anos de Escravidão”), este filme oferece um retrato cru e sem filtros do vício. A atuação de Fassbender oscila entre momentos de repulsa e vulnerabilidade, o que nos mostra as complexidades que acompanham qualquer tipo de vício.

Embora definitivamente não seja um filme de amor à primeira vista, “Shame” garante uma reflexão profunda. É um relógio atraente para qualquer pessoa que luta contra o vício em pornografia, pois explora os temas subjacentes de compulsão, vergonha e vulnerabilidade. Através da jornada de Brandon, obtemos insights sobre nossas próprias lutas e encontramos caminhos para sua recuperação.

Plataforma: Max.

Nymphomaniac (2013)

Dirigido por Lars von Trier, este filme é dividido em duas partes e segue a vida de uma mulher que se identifica como ninfomaníaca, explorando suas experiências sexuais desde a infância até a idade adulta. O filme é provocativo e aborda a sexualidade de maneira intensa.

Boogie Nights (1997)

Um filme de Paul Thomas Anderson que se passa na indústria pornô da Califórnia nos anos 70 e 80. A história segue Eddie Adams, um jovem que se torna uma estrela do pornô, lidando com os altos e baixos dessa vida.

Plataforma: Max.

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