Três a cada dez candidatas são discriminadas em função de seu gênero
Por Kelly Ribeiro
Mais de 90% das pessoas candidatas a cargos eletivos no Brasil acreditam que investir na formaçãode lideranças femininaspode aumentar a representatividade das mulheres nessas posições.
É o que revela a segunda edição da pesquisa “Mulheres na Política”, realizada pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, divulgada em 30 de maio.
No entanto, 3 a cada 10 candidatas são discriminadas em função de seu gênero e 64% das pessoas entrevistadas concordam que o ambiente político favorece os homens.
O levantamento ouviu por telefone 2.850 candidatas/os, homens e mulheres, entre os dias 22 de março a 13 de abril de 2022. A lista foi selecionada a partir do cadastro fornecido pelo TSE.
A violência de gênero entre as candidatas fica evidente na pesquisa. 32% das que concorreram às eleições municipais afirmam terem sido discriminadas no ambiente político por serem mulheres.
O percentual chega a 40% nas concorrentes das eleições majoritárias. Entre os homens, os percentuais foram de 10% e 7%, respectivamente.
O impedimento ou interrupção de fala está entre as práticas mais comuns de violência contra mulheres no ambiente político. 28% das candidatas municipais apontaram terem passado por essa situação.
O percentual sobe a 40% entre as que concorreram às eleições majoritárias.
Desde 2009, a Lei de Cotas determina que os partidos políticos tenham pelo menos 30% de candidatos de cada um dos gêneros para concorrer às eleições.
Apesar disso, a percepção de 66% dos entrevistados é de que os partidos políticos não fornecem condições iguais de concorrência entre homens e mulheres.
E isso se confirma na realidade: nas eleições de 2018, a porcentagem de candidaturas femininas para deputadas federais foi de 31%. Na prática, elas ocuparam somente 15% do total de vagas.
No Senado: somente 13% das cadeiras foram ocupadas por mulheres.
Os dados foram revelados durante o seminário Mais Mulheres na Política no Senado e escancaram que o ambiente político ainda dificulta avanços para equidade.