Por que 29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans?

Fotos e vídeos: Unsplash, Pexels, Iraci Falavina, Linn da Quebrada, Min. da Saúde, Globo, Dontnod Entertainment Texto por Iraci Falavina

Na semana Nacional da Visibilidade Trans, o BBB 22 levantou discussões sobre o uso de pronomes corretos para se referir a pessoas trans e travestis.

A atriz e cantora Lina Pereira dos Santos, conhecida como Linn da Quebrada e primeira travesti participante do reality, foi alvo de transfobia e teve seus pronomes trocados diversas vezes.

Mesmo tendo uma tatuagem com o pronome “ela” na testa, a situação continuou e o apresentador Tadeu Schmidt teve que intervir.

Tadeu destacou para todos os participantes que Lina tem uma tatuagem com o pronome na testa, e pediu para que a artista explicasse o motivo.

As discussões sobre gênero e transexualidade pautaram as redes sociais durante a semana que, coincidentemente, é um marco da luta de pessoas trans.

No dia 29 de janeiro de 2004, o movimento brasileiro de travestis e transexuais foi até Brasília para lançar sua 1ª campanha: “Travesti e Respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos”.

Esta foi a primeira de uma série de campanhas do movimento em parceria com  o então Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, que aborda assuntos além da saúde.

A pasta, que hoje recebe o nome de “Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis”, foi quem definiu o dia 29 de janeiro como o Dia da Visibilidade.

Para o psicólogo e pesquisador de gênero Mario Carvalho, “o dia 29 de janeiro não marca uma batalha de resistência, mas um momento simbólico de conquista de reconhecimento pelo poder público”.

O uso da palavra “visibilidade” no lugar de “orgulho” (como acontece no dia 28 de junho) também possui um simbolismo político para a luta.

Embora haja muitas construções de pessoas trans e travestis na sociedade, isso não significa que há visibilidade positiva: as imagens de travestis como “prostitutas” são visíveis, mas não positivas.

Trazer visibilidade para o movimento vai além de abordar o assunto de qualquer forma. Trata-se também de repercutir as demandas desse setor com respeito.

Em 2017, a novela “A Força do Querer” trouxe Ivan, o primeiro homem trans protagonista de uma novela da TV aberta em horário nobre.

A trama de Ivan, embora significativa para a representatividade trans na TV brasileira, repercutiu alguns estereótipos que podem limitar o conceito de pessoa transexual.

Já o jogo Tell Me Why, de 2020, trouxe Tyler, um homem trans que, juntamente com sua irmã gêmea, cresceu em um relacionamento complicado com a mãe.

Tell Me Why foi elaborado junto a uma equipe de pessoas trans, que contribuíram para design de personagens, narrativa e até mesmo a dublagem de Tyler, feita por um ator transgênero.

Ambas as obras trazem visibilidade para o assunto, mas de forma diferente. Levantar esta pauta é uma forma importante de aprofundar o debate cada vez mais e reconhecer a melhor forma de fazê-lo.

FONTES:  As representações midiáticas da transexualidade na telenovela A força do querer

Ver para não ser visto: visibilidade, estigma e reconhecimento no ativismo de travestis e transexuais no Brasil

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