Filósofa e escritora, Aparecida Sueli Carneiro é uma das principais ativistas do movimento negro e de mulheres negras.
Doutora em Educação (USP), a paulista é fundadora do Geledés - Instituto da Mulher Negra. O Portal Geledés é um programa da instituição, que teve sua primeira versão em 1996 e voltou em 2009.
Aos 72 anos, Sueli é considerada por muitos a maior filósofa brasileira, além de uma das mais relevantes pensadoras do feminismo negro no Brasil.
Sueli também é autora de diversas obras importantes em todo o mundo, que trouxeram conquistas notórias, como:
O Prêmio de Direitos Humanos da República Francesa e a nomeção no Mulheres Notáveis da Brazil Foundation. Neste ano, Carneiro será homenageada no Prêmio Jabuti 2022 como Personalidade Literária.
Durante as mais de duas horas de duração, o novo episódio de Mano a Mano é uma aula sobre antirracismo, luta coletiva e organização política.
O papo passa por risadas, lembranças da infância, partilhas e diversas reflexões sobre temas que tangenciam o racismo, como as cotas, o debate do colorismo e a branquitude neoliberal.
Resumindo as sete décadas de vivências como mulher negra, a intelectual é direta quanto a realidade enfrentada por pessoas não-brancas no país:
“A abolição foi uma mensagem: vocês estão livres para morrer na sarjeta desse país”, diz ela, em referência ao 13 de maio de 1888, Abolição da Escravatura no Brasil.
Questionando a disparidade entre brancos e negros ao analisarmos os dados de mortospela Covid-19, Sueli provoca:
"Por que a gente morre de mortes preveníveis e evitáveis o tempo todo? Por que a gente é mantido na indigência?”.
A participação da filósofa contou inclusive com puxões de orelha ao ícone Mano Brown.“E você faça sua parte!”, bradou Sueli para um dos inúmeros homens negros que sua luta inspirou.
O episódio, considerado um dos mais inesquecíveis do podcast, é um exemplo que não deve ser esquecido: todos nós precisamos de letramento racial, sempre. Que possamos escutar quem lutou antes de nós.
leia mais sobre a importância das mulheres negras na luta coletiva.