Não é Não no Carnaval 2024: pesquisa revela medo generalizado de assédio
Por Daniela Valenga
Às vésperas da edição de 2024, uma nova pesquisa mostrou que metade das mulheres brasileiras já sofreu assédio durante o Carnaval.
A pesquisa, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a empresa Question Pro, aponta também que 73% das entrevistadas têm medo de sofrer assédio no Carnaval.
O levantamento tem abrangência nacional e entrevistou 1507 homens e mulheres com 18 anos ou mais, entre 18 e 22 de janeiro de 2024.
O estudo aponta que 81% acredita que há problemas em um homem “roubar um beijo” de uma mulher se ela estiver bêbada ou com pouca roupa. Isso quer dizer que 19% não vê problemas na situação de assédio.
A taxa diminui para 68% entre aqueles que discordam de que se a mulher está com pouca roupa é porque quer beijar.
“Ou seja: para quase 1/3 dos brasileiros, a mulher precisa passar calor no Carnaval porque se ir de biquíni e short é porque ‘tá querendo'”, denunciou a comunicadora Paola Carvalho no Twitter/X.
A pesquisa também aponta que 86% dos brasileiros reconhecem que ainda há assédio sexual praticado no período da festa e que acreditam que todes devem contribuir para acabar com a prática.
Ações contra o assédio sexual são consideradas fundamentais por 97% das entrevistadas.
Desde 2017, “Não é Não!” é uma das maiores campanhas contra o assédio durante o Carnaval. A iniciativa surgiu de um grupo de amigas do Rio de Janeiro e se espalhou pelo país em diferentes espaços.
No final de 2023, o presidente Lula (PT) sancionou a lei que criou o protocolo “Não é não”, válido em shows, casas noturnas, restaurantes e outros lugares fechados com venda de bebidas alcoólicas.
Os estabelecimentos comerciais deverão manter funcionários treinados para agir diante de qualquer caso de denúncia de violência ou assédio contra uma mulher.
O prazo para o cumprimento da lei, sancionada em 28 de dezembro de 2023, é de 180 dias. Portanto, neste Carnaval, não é obrigatório que todos os estabelecimentos já se enquadrem.
Importante lembrar que assédio é tipificado no crime de importunação sexual, que, por sua vez, é caracterizada pela realização de ato libidinoso sem o consentimento da outra pessoa.
Os atos libidinosos podem ser palavras ofensivas, cantadas de cunho sexual, beijos sem consentimento, toques íntimos e situações semelhantes,
A vítima pode denunciar o crime a um agente público que esteja próximo, ligar para 190 (serviço de urgência policial) ou 180 (Central de Atendimento à Mulher), ou ir até uma delegacia.
Acesse dicas para aproveitar o Carnaval com segurança.
Imagens: Mídia Ninja, Campanha Não é Não, João Faissal, Paula Molina e Henrique Fernandes.