BETH CARVALHO: a Madrinha do Samba

Por Daniela Valenga

Fotos: Washington Possato, Arquivo Globo e reprodução.

Em 5 de maio de 1946, no Rio de Janeiro, nascia Elizabeth Santos Leal de Carvalho ou, como ficou conhecida,

Beth Carvalho

Ainda durante a infância, o contato com a música foi incentivado pela família. Aos 8 anos, ganhou o primeiro violão. Participou do programa Trem da Alegria, da Rádio Mayrink Veiga.

Em 1964, o pai de Beth foi preso pela Ditadura Militar por possuir ideais de esquerda e Beth abandonou a faculdade para dar aulas de música.

Um ano depois, em 1965, gravou sua primeira música: 

“Por quem morreu de amor”. 

Beth participou de vários festivais de música na época. Em 1968, conquistou a terceira posição no Festival Internacional da Canção (FIC) com seu grande sucesso "Andança".

“Andança” também é o título de seu primeiro CD, lançado em 1969.

A partir de 1973, passou a lançar um disco por ano e emplacou vários sucessos como “Saco de Feijão”, “Olho por Olho”, “Coisinha do Pai”, “Firme e Forte” e “Vou Festejar”. 

Ela fez parte da Trinca ABC (Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes) que, nos anos 1970,  fez crescer o mercado do samba e passou a vender discos com a mesma proporção dos homens.

Beth gravou músicas engajadas politicamente e foi pioneira ao lançar sambas com teor feminista, como Olho Por Olho, em 1977.

A cantora era apaixonada pela Mangueira, sua escola de samba do coração, e pelo Bloco Cacique de Ramos.

Foi no Bloco que Beth conheceu e apadrinhou artistas como Zeca Pagodinho e Jorge Aragão. Daí o apelido de

"Madrinha do Samba"

Foi indicada a dois Grammy Latino, em 2000 e 2005. Em 2009, foi a primeira sambista a ser homenageada no evento com o prêmio Lifetime Achievement Awards (Conquista de Toda uma Vida).

Em 2018, com a mobilidade reduzida por problemas na coluna, Beth fez um show histórico. Deitada, cantou seus sucessos no show “Beth Carvalho Encontra Fundo de Quintal – 40 Anos De Pé No Chão”.

A cantora morreu em 30 de abril de 2019, aos 72 anos. Ao longo de mais de cinquenta anos de carreira, lançou 33 discos.

"Não era comum. Poucas mulheres tinham meu posicionamento. Eu era uma pessoa independente, que criou, desde cedo, o próprio caminho. E isso incomodava. Eu era ousada desde pequena", declarou em entrevista ao UOL.

Quer ler sobre mais histórias de mulheres que marcaram a música brasileira?