Atenta e forte: os 77 anos de Gal Costa

Por Daniela Valenga

Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador. Filha de Arnaldo Burgos e Mariah Costa Penna, ficou órfã de pai com 14 anos de idade.

Na juventude, trabalhou como balconista de uma loja de discos em Salvador. Em 1963, conheceu Caetano Veloso, apresentada por Dedé Gadelha, sua vizinha e amiga e futura esposa do cantor.

Em 1964 participou do show “Nós, Por Exemplo”, ao lado de Caetano, Gilberto Gil, Bethânia e Tom Zé, na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador.

Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro e lançou o primeiro disco, gravado ao lado de Caetano Veloso, ainda como Maria da Graça.

Em 1966 participou do I Festival Internacional da Canção com a música “Minha Senhora” de Gilberto Gil e Torquato Neto.

Em sua fase “tropicalista”, lançou o primeiro disco solo “Gal Costa” (1969), com as músicas “Baby”, “Divino Maravilhoso”, “Que Pena” e "Não Identificado".

O nome artístico “Gal” foi uma ideia do produtor Guilherme Araújo. Em Salvador, a maioria a conhecia por Gracinha. Os íntimos a chamavam de Gau. Guilherme preferiu Gal com “l” por achar mais feminino.

Gal era abreviatura de General. E, naquele momento, Gal Costa tornava-se homônimo do então presidente Gal. Costa e Silva. Apesar do nome em comum, Gal era resistência à ditadura.

Em outubro de 1971, a cantora de 26 anos fez o show "Gal a Todo Vapor", também conhecido como "Gal Fa-Tal", em que desafiava a ditadura militar e o terror do AI-5.

O show carregou a bandeira do Tropicalismo, enquanto seus dois principais compositores, Caetano Veloso e Gilberto Gil, estavam no exílio.

O álbum "Índia" (1973) teve a capa censurada pela ditadura militar. O disco era vendido envolto em um plástico azul, depois dos censuradores vetarem as imagens sensuais.

Em 1979, se consagrou como intérprete de MPB e lançou “Gal Tropical”, no qual cantou alguns de seus maiores sucessos como “Balancê”, “Força Estranha” e “Meu Nome é Gal”.

Em 2003, foi incluída no Hall of Fame do Carnegie Hall. É a única cantora brasileira a entrar no Hall, após participar do show “40 anos de Bossa Nova”, em homenagem a Tom Jobim.

Em 2018, lançou o álbum "A pele do futuro", inspirado no filho Gabriel e na geração que ela considera que irá salvar o mundo.

O último álbum lançado foi "Nenhuma Dor", em 2021. Ela regravou músicas como "Meu Bem, Meu Mal", "Juventude Transviada" e "Coração Vagabundo", com cantores como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.

Durante as eleições de 2022, Gal Costa apoiou o candidato à presidência Lula (PT) e pediu voto “com sabedoria, inteligência, sem ódio e com amor”.

Gal Costa morreu aos 77 anos, em São Paulo. Ela ainda cantava nos palcos, mas havia dado uma pausa em shows, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita.

“É preciso estar atento e forte. Não temos tempo de temer a morte.” – Gal Costa.