The Marvels e a misoginia na cultura nerd

Por Daniela Valenga

Em 9 de novembro, estreou o filme The Marvels, sequência de Capitã Marvel (2019) que reúne as personagens Carol Danvers (Brie Larson), Kamala Khan (Iman Vellani) e Monica Rambeau (Teyonah Parris).

Na trama, as três protagonistas, que estão com os poderes interligados, precisam se unir para salvar o universo do colapso, lutando contra a vilã Dar-Benn (Zawe Ashton). 

Desde que foi anunciado, o filme e as atrizes se tornaram alvos de ataques de pessoas que dizem que eles só querem “lacrar” e “militar”.

Não é a primeira vez que isso ocorre nos lançamentos da Marvel, hoje considerada a principal produtora de filmes de heróis e heroínas. 

O primeiro filme da franquia protagonizado por uma mulher foi Capitã Marvel, em 2019, 11 anos após Homem de Ferro, que iniciou a linha de longas e séries. 

Os ataques começaram a surgir após Brie Larson ser anunciada como protagonista. Ela é conhecida por sua luta feminista, especialmente pela inclusão de mulheres nas telas.

Entre as críticas feitas à atriz estavam comentários como “ela não sorri”, “o uniforme não mostra nada”, “ela não tem bunda” e “como uma mulher pode ser a personagem mais forte?”

A misoginia foi retratada pela própria Marvel na série She-Hulk (2022). Ao se tornar uma super-heroína, Jennifer Walters (Tatiana Maslany) é atacada virtual e presencialmente por incels.

Um dos episódios mostra comentários de ódio a Jennifer, extraídos da publicação que anunciou a série, como “todos os heróis estão virando mulheres agora” e “efeito do me too”.

“O rolê não é gostar ou desgostar de Capitã Marvel e Mulher-Hulk, por exemplo. As pessoas têm todo direito de ter opiniões. É que existe um ódio contra elas muito exagerado”, escreveu o perfil especializado em Marvel, @jamesons.

Outro exemplo é a crítica de um homem a The Marvels: “Parece que foi feito para meninas adolescentes e não para os verdadeiros fãs de histórias em quadrinhos”.

Ou seja, os ataques e “hates” direcionados a essas produções partem da ideia de que meninas e mulheres não devem consumir e/ou ser representadas na cultura nerd.

Kelly Sue DeConnick, que já escreveu quadrinhos para Marvel e DC, descreveu “críticas” como essas como “previsíveis, desinformadas e destrutivas”.

“Os quadrinhos são, literalmente, para todos. Os ‘quadrinhos de super-heróis’ são um gênero poderoso e versátil que pode incluir uma ampla gama de tons e tópicos”. - Kelly Sue DeConnick

Para a publicitária Natália Dias, em texto no site Valkirias, as produções com protagonistas mulheres são efeito direto da presença de mais mulheres na direção e atrizes exigindo melhores papéis.

“Precisamos dessas mulheres que incomodam tanto quanto elas precisam de nós para resistir”. - Natália Dias.

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