O trabalho do cuidado corresponde a 10 trilhões de dólares por ano

Por Daniela Valenga, com informações de Paola Carvalho

Amor ou trabalho não pago?

“O que chamam amor, nós chamamos de trabalho não remunerado", diz a filósofa Silvia Federici, que considera o trabalho doméstico como central na discussão da igualdade de gênero.

O trabalho doméstico e de cuidado recai, na maioria das vezes, sob mulheres e meninas ao redor do mundo.

Esse tipo de atividade é conhecido também como “trabalho invisível”, como apesar de não ser remunerado, espera-se que as mulheres cumpram o papel de fazê-lo.

É a partir disso que Federici debate a reprodução social da vida: é o trabalho do cuidado e doméstico das mulheres que possibilita as condições materiais e emocionais para que o capitalismo ocorra.

“Por trás de toda fábrica, de toda escola, de todo escritório, de toda mina, há o trabalho oculto de milhões de mulheres que consomem sua vida e sua força em prol da produção da força de trabalho.” - Silvia Federici.

Um relatório da Oxfam de 2020 indica que as mulheres são responsáveis por 75% do trabalho de cuidado não remunerado realizado no mundo.

São mais de 12 bilhões de horas diárias gastas por mulheres e meninas ao redor do mundo no trabalho do cuidado.

Todas essas horas de trabalho correspondem a uma quantia de aproximadamente 10 trilhões de dólares por ano.

No Brasil, segundo o IBGE, 85% do trabalho de cuidado é feito por mulheres.

Dados de 2019 indicam que as mulheres dedicam, em média, pouco mais de 21 horas semanais ao trabalho doméstico, enquanto os homens apenas 11 horas, praticamente a metade do tempo.

Nos casos das mulheres que trabalham fora de casa, a desigualdade persiste: elas cumprem, em média, mais de 8 horas a mais em obrigações domésticas em relação aos homens que também trabalham fora.

Além de uma questão do presente, o trabalho do cuidado é um desafio do futuro.

De acordo com o IBGE, em 2050, o Brasil terá cerca de 77 milhões de pessoas dependentes de cuidado (pouco mais de um terço da população estimada) entre idosos e crianças.

Pesquisas indicam que para mudar esta realidade, são necessárias ações rápidas, começando por um conjunto de políticas públicas que formem a rede de apoio às mulheres.

Isso inclui, por exemplo, o aumento de vagas em creches e escolas.

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