Nova política da Meta permite machismo, transfobiae racismo
Por Daniela Valenga
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, empresa dona do Instagram, Facebook, Threads e WhastApp, anunciou o encerramento de seu programa de verificação de fatos, além de mudanças nas Diretrizes da Comunidade.
Sob a justificativa de aumentar a “defesa da liberdade de expressão”, a mudança afeta diretamente mulheres, pessoas LGBTQIA+, pessoas não-brancas, migrantes, entre outras populações minorizadas.
A nova política de Diretrizes da Comunidade relacionada à conduta de ódio abre exceções justamente quando o ataque é direcionado a grupos sociais que já são alvos de preconceitos:
“Nossas políticas foram criadas para dar espaço a esses tipos de discurso”, afirma o texto das Diretrizes da Comunidade. Confira os destaques:
- defesa de limitações baseadas em gênero para empregos militares, policiais e de ensino, assim como relacionado à orientação sexual, desde que fundamentado em crenças religiosas.
- exclusão social, no sentido de negar acesso a espaços e serviços sociais, baseadas em sexo ou gênero em espaços geralmente restritos por essas categorias, como banheiros, esportes e ligas esportivas, grupos de saúde e apoio, e escolas específicas.
- alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, considerando discursos políticos e religiosos sobre transgenerismo e homossexualidade.
Anteriormente, esses conteúdos poderiam ser identificados pela tecnologia ou por denúncias humanas como violadores das Diretrizes da Comunidade.
Quando é identificado que um conteúdo viola as políticas, pode haver remoção de conteúdo, desativação de contas e notificação do usuário.
Por outro lado, a política da Meta proíbe “conteúdo que, de forma explícita, forneça ou ofereça produtos ou serviços com o objetivo de mudar a orientação sexual ou a identidade de gênero das pessoas”.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) protocolou representação no Ministério Público Federal contra a Meta pelos retrocessos que a política representa para a população LGBTQIA+.
Coding Rights, organização feminista que atua com o uso da tecnologia, afirma que as mudanças acentuam “cada vez mais ataques contra mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+”.
Também aponta que a eliminação das agências de checagem e a remoção das restrições de conteúdos, abrem margem para ampliar ainda mais a desinformação, discursos de ódio e polarização.
Na fala, Zuckerberg afirmou que trabalhará com Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, para “impedir governos ao redor do mundo de irem atrás de empresas americanas e empurrar censura”.
Manuela d’Ávila, política brasileira cuja pesquisa de doutorado é sobre a regulação da internet no mundo, analisou o significado da fala de Zuckerberg.
“O que Zuckerberg diz, com todas as letras, é que a liberdade defendida pela extrema direita, as ideias de Trump e Musk, serão as suas. Ideias que ameaçam instituições e democracias. Ideias de violência e tortura.”
- Manuela d’Ávila.
Para Nina da Hora, cientista da computação e ativista brasileira, mais do que nunca, é o momento de debater a regularização das redes sociais.
“É momento de debater mas, sobretudo tirar da gaveta o projeto das Fakes News, com as suas respectivas críticas, e elaborar estratégias mais qualificadas para 2026.”
- Nina da Hora.