Por Kelly Ribeiro Foto: Thais Magalhães/CBF
O futebol feminino teve um avanço significativo em fevereiro deste ano: a Federação Americana de Futebol (US Soccer) anunciou que vai pagar as seleções feminina e masculina igualmente.
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A decisão é histórica e prevê ainda o pagamento de US$ 24 milhões a um grupo de jogadoras, incluindo ex-atletas, como forma de compensação pelos anos de desigualdade de gênero.
Diferentemente do Brasil, a seleção feminina é o carro-chefe do futebol dos EUA. Elas são quatro vezes campeãs da Copa do Mundo e do ouro olímpico nos Jogos.
A vitória ocorre após uma intensa briga trabalhista. Em 2019, 28 atletas da seleção entraram na justiça contra a US Soccer, apresentando uma queixa à Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego.
Elas denunciaram a discriminação salarial no esporte alegando que ganhavam apenas 40% do que os jogadores da seleção masculina recebiam.
Na ocasião, a jogadora Megan Rapinoe acusou a federação de se "recusar obstinadamente" a pagar seus jogadores de forma justa. Rapinoe é uma das principais vozes do futebol feminino dos EUA e do mundo.
O valor acordado corresponde a salários atrasados e será dividido entre o grupo. A federação se comprometeu a igualar os salários de ambas as seleções em todos os torneios daqui pra frente.
Segundo pesquisa do IBGE (2019), as mulheres no Brasil ganham 22,3% a menos que os homens.
A desigualdade salarial entre gêneros não se limita ao esporte mais popular do mundo e muito menos aos EUA.
No futebol especificamente, dados de 2021 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados da Secretaria da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia revelam que os homens ganham 118% a mais.
A disparidade foi, inclusive, tema de uma questão do Enem 2020. O exame abordou a diferença de remuneração usando como exemplo os dois maiores expoentes brasileiros da atualidade: Marta e Neymar.