Mortalidade Materna: o descaso com a vida das mulheres no Brasil

Por Daniela Valenga

Fotos: Unsplash, Pexels e reprodução

O Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher foi definido em 28 de maio no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, ocorrido em 1984, na Holanda.

Na época, a taxa de mortalidade materna foi destaque do Encontro pelo número elevado de registros.

É considerado que houve um óbito materno quando a mulher morre durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o parto ou aborto.

A mortalidade materna também é lembrada a partir de um movimento da Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e do Caribe (RSMLAC) durante o V Encontro Internacional Mulher e Saúde em 1987.

A ideia da RSMLAC era que a cada ano fosse definida uma temática que norteia ações durante o dia 28 de maio, com ações políticas que visam prevenir mortes maternas evitáveis.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade materna é evitável em 92% dos casos.

“Resistir e persistir” é o tema definido pela Women’s Global Network for Reproductive Rights para o 28 de maio de 2022. 

No contexto da recuperação pós-pandemia, continuamos a responsabilizar os governos pelos impactos de gênero da pandemia que permanecem sem solução até o momento”, declarou a organização.

No Brasil, durante dois anos de pandemia, a taxa de mortalidade materna aumentou 77%.

Para calcular a taxa, o número de óbitos de grávidas e puérperas é divido pela quantidade de nascidos vivos. Em 2021, a taxa de mortes ficou acima de 100. Isso deixa o país com um índice similar a 1990.

Na época, o Brasil tinha uma das taxas mais altas de mortalidade materna. Por isso, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU era diminuir a taxa em 75% até 2015. A meta não foi atingida.

Durante a pandemia, o cenário foi agravado. Um estudo da Universidade de Brasília e Anis – Instituto de Bioética mostrou que gestantes e puérperas morreram por não serem priorizadas no período.

A pesquisa apontou 3 motivos: atrasos na identificação dos sintomas nos centros de saúde, atrasos na hospitalização após o diagnóstico, e atrasos na prestação de cuidados intensivos.