Por Kelly Ribeiro
Foto: Kheel Center
Fotos: Catarinas, Unsplash e reprodução
A mais famosa delas é a de que um incêndio proposital numa fábrica, em Nova York, vitimou dezenas de operárias em 1857 e motivou a escolha do 8 de março como uma data de reivindicações.
Em 25 de março de 1911, um incêndio na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, de fato matou 146 trabalhadores — a maioria mulheres — escancarando as más condições das trabalhadoras.
A questão intrigou a historiadora Renée Coté que, após muita apuração, lançou em 1984 o livro O Dia Internacional da Mulher, os verdadeiros fatos e datas das misteriosas origens do 8 de março.
A principal referência histórica do Dia Internacional das Mulheres é a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhague, Dinamarca.
Nela, a política socialista alemã Clara Zetkin propôs um dia de luta unificado. Uma jornada anual de manifestações pela igualdade de direitos, mas sem determinar uma data específica.
O 8 de março acabou prevalecendo, graças à onda de protestos contra a fome e a Primeira Guerra Mundial que tomaram conta da Rússia em 1917, e que acabaria levando à Revolução Russa.
Um grupo de operárias saiu às ruas em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo — 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918.
O protesto dessas operárias foi o estopim para a revolução bolchevique, em 1917. Em seguida, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da "mulher heróica e trabalhadora".
Para pesquisadoras dos anos 80, a história do incêndio foi uma “adaptação” nos anos 50 das histórias americanas para adotar um 8 de março descolado dos países comunistas num contexto de Guerra Fria.
O Dia Internacional das Mulheres só foi oficializado em 1975, ano em que a ONU estabeleceu o Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais.
Vale destacar que a História é geralmente contada sob uma ótica eurocêntrica. E, portanto, movimentos protagonizados por mulheres fora desse eixo tendem a ter seus registros perdidos.
Outro ponto que causa divergência é em relação aos significados da data, cooptados pelo capitalismo. Para o comércio e núcleos familiares, o dia virou sinônimo de celebrar a “feminilidade”.
O Dia Internacional das Mulheres é uma data de reflexão. Um dia que pauta debates sobre direitos humanos e acessos fundamentais para a garantia desses direitos.