Fernanda Torres fez história ao ganhar o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em filme de drama pelo papel como Eunice Paiva no filme “Ainda Estou Aqui” (2024).
A mãe dela, Fernanda Montenegro, que também participa do longa como Eunice, e Walter Salles, diretor, venceram o Globo de Ouro em 1999 na categoria de melhor filme estrangeiro por “Central do Brasil” (1998).
Ambientalizada na década de 1970, a história acompanha a família Paiva – Rubens, Eunice e os cinco filhos – que viviam no Rio de Janeiro.
Em 1971, o engenheiro civil e político brasileiro, Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, foi levado por militares à paisana e desapareceu.
Forçada a abandonar a rotina de quem vivia para os cuidados da casa e da família, Eunice se transforma em ativista dos direitos humanos, luta pela verdade e enfrenta as consequências da repressão.
Somente em 2014 a família descobriu o que realmente aconteceu. Registros oficiais do Exército mostram que o ex-deputado foi levado ao Destacamento de Operações de Informações (DOI).
Testemunhas relataram ter visto Rubens agonizando nas dependências do DOI. Investigações confirmaram que ele foi torturado e morto pela ditadura. Seu corpo nunca foi encontrado.
A verdade sobre a morte de Rubens só veio à tona por conta da abertura da Comissão Nacional da Verdade, criada em novembro de 2011 pela então presidenta Dilma Rousseff.
A Comissão investigou as graves violações aos direitos humanos praticadas durante a ditadura militar (1964-1985) e apontou a responsabilidade de mais de 300 indivíduos.
Marcelo Rubens Paiva, jornalista autor do livro que inspira o filme e filho de Eunice e Rubens, reconhece a importância da Comissão.
“Por conta da Comissão da Verdade, tive elementos para escrever o livro ‘Ainda Estou Aqui’ e agora temos esse filme deslumbrante. E Dilma pagou um preço alto pelo necessário resgate da memória.”
- Marcelo Rubens Paiva.
A história nos lembra a importância da verdade, do respeito à memória de quem lutou contra a ditadura militar e da justiça contra os torturadores e assassinos.
É responsabilidade ética do Estado e da sociedade preservar a verdade e a memória e exigir a justiça como uma necessidade para a existência da democracia e dos direitos humanos.
Em uma época de ataques à democracia, “Ainda Estou Aqui” também é um lembrete da importância de lutarmos para que nenhum direito seja retirado.
“A reflexão que esse filme faz é: ‘Devemos voltar a esse estado autoritário?’”- Fernanda Torres, em entrevista à CNN.