Marielle Franco: memória, verdade e justiça

Por Daniela Valenga

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, deputado federal pelo União Brasil, e o delegado Rivaldo Barbosa foram presos como suspeitos de mandar matar Marielle Franco.

Em 2018, Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos em um atentado. Segundo a Polícia Federal (PF), os Brazão encomendaram a morte por questões políticas relacionadas às demandas das milícias.

Barbosa, que assumiu o comando da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes, participou ativamente do plano, obstruindo as investigações do assassinato, de acordo com a investigação da PF.

Os irmãos Brazão teriam oferecido a Barbosa um loteamento na Zona Oeste do Rio de Janeiro e comando de grupo miliciano que atua na região, como pagamento pela participação, segundo a PF.

As prisões, que representam o avanço das investigações seis anos após os assassinatos, ressaltam a importância do processo de memória, verdade e justiça por Marielle e Anderson.

No Brasil, o conceito de memória, verdade e justiça ganhou força após a Ditadura Militar de 1964 a 1985, pelo resgate da verdade e o respeito à memória de quem atuou contra o regime, mas também por justiça contra torturadores e assassinos.

O movimento destaca a responsabilidade ética do Estado e da sociedade em preservar a verdade e a memória e exigir a justiça como uma necessidade para a existência da democracia e dos direitos humanos.

O conceito também é necessário ao falarmos sobre os assassinatos de Marielle e Anderson, como já foi lembrado por familiares e amigos, além do Instituto Marielle Franco.

O Instituto luta por justiça, para “que as investigações cheguem ao mandante político desse crime”, conforme colocado no site oficial.

Também defende a verdade e a memória: “Nenhuma fake news será capaz de manchar a história de Marielle. Vamos defender sua memória para que as futuras gerações sigam lembrando quem Marielle foi”.

A organização também é responsável por multiplicar o legado de Marielle, para que os espaços de tomada de decisão políticas tenham mais a cara do povo, como defendido pela vereadora.

Após as prisões, a filha de Marielle, Luyara Franco, escreveu em uma rede social sobre o acontecimento e citou a importância da luta por verdade e justiça.

“A justiça está sendo feita, e a investigação continua. A luta por verdade e justiça por minha mãe, Marielle Franco, segue firme. Sua voz nunca será silenciada.”

- Luyara Franco.

Em uma carta aberta, a família de Marielle destacou como a resolução do caso é central para as defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil.

“Neste dia de dor e esperança, nossa família segue lutando por justiça. Nada trará nossa Mari de volta, mas estamos a um passo mais perto das respostas que tanto almejamos”, diz trecho da carta.

Monica Benicio, viúva de Marielle, e Agatha Arnaus, viúva de Anderson, também divulgaram uma nota em que afirmam que as prisões são uma vitória para a democracia e cobram o avanço das investigações.

“Não descansaremos até que a justiça seja feita de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia do Brasil.”

- Monica Benicio e Agatha Arnaus.

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Imagens: Agência Brasil e reprodução