Homens têm 105 trilhões de dólares a mais do que as mulheres

Por Daniela Valenga

As mulheres têm mais presença em “empregos que pagam menos e são mais precários, e enfrentam uma disparidade salarial persistentemente elevada em relação aos homens”.

É o que afirma o relatório “Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública”, publicado pela Oxfam.

O estudo destaca que a desigualdade de gênero é agravada por outras formas de discriminação, como de raça e etnia.

Por exemplo, no Brasil, em média, a renda dos brancos está mais de 70% acima da renda da população negra. Uma mulher negra é duplamente afetada neste cotidiano.

Para exemplificar o cenário, é citado um dado de 2019, que indica que as mulheres ganharam apenas 51 centavos para cada dólar de renda do trabalho obtido pelos homens.

Ainda, em consequência da pandemia de Covid-19, as mulheres perderam coletivamente 800 bilhões de dólares em renda em 2020. Ou seja, foram gravemente afetadas pelo período.

Mas, além da pandemia, os avanços nas últimas décadas foram mínimos. Enquanto em 1990, as mulheres detinham cerca de 30% dos ganhos estimados mundiais, em 2022, o número foi de 35%.

Em termos globais, os homens possuem 105 trilhões de dólares a mais do que as mulheres. Essa diferença é quatro vezes maior do que a economia dos Estados Unidos, a maior do mundo.

E por que este cenário segue sendo tão desigual?

Em nível global, as mulheres são donas de apenas uma em cada três empresas. Conforme o relatório, as estruturas patriarcais da maioria das empresas mantêm as desigualdades de gênero.

Segundo a Oxfam, das mais de 1600 maiores empresas do mundo, apenas 24% têm compromisso público pela igualdade de gênero.

As mulheres também são majoritariamente responsáveis pelo trabalho do cuidado, ou seja, aquele que atua pela manutenção da vida, como cozinhar, limpar a casa e cuidar de crianças, e que não é remunerado.

Em 2020, a Oxfam estimou o valor monetário do trabalho de cuidado não remunerado realizado por mulheres em todo o mundo em, pelo menos, 10,8 trilhões de dólares anuais.

Por isso, o relatório afirma que a desigualdade de gênero é agravada “pelas estratégias da cadeia de abastecimento que subvalorizam grande parte do trabalho realizado pelas mulheres”.

E como mudar este cenário?

Segundo o relatório, é necessário que o Estado exija que as empresas publiquem e implementem políticas de gênero e inclusão que abranjam contratação, formação, promoção e recebimento de denúncias.

Além disso, as empresas devem ser obrigadas a informar disparidades salariais de gênero e raça.

Também é necessário reconhecer, reduzir e redistribuir o trabalho de cuidado não remunerado e investir em infraestruturas físicas e sociais que apoiem os cuidados.

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Imagens: freepik.