Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) formam um dos casais da novela Vai Na Fé, exibido no horário das 19h na Rede Globo. As duas se conhecem na academia do prédio de Clara.
Helena é personal trainer e é contratada por Clara, que vive um relacionamento abusivo com Theo (Emilio Dantas). Com o passar da trama, elas desenvolvem uma amizade que evolui para amor romântico.
O primeiro beijo das duas foi feito para despistar dois homens, em 29 de abril. Clara entende o momento como brincadeira, como ainda não tinha entendido os sentimentos por Helena.
No capítulo de 10 de maio, o resumo trazia que as duas teriam o segundo beijo, com mais sentimentos do que o primeiro. Mas, em um corte brusco da cena, o beijo não foi exibido.
Ao ser questionada pela coluna de Patrícia Kogut, do O Globo, a Rede Globo respondeu que “toda novela está sujeita à edição. Uma rotina que atende às estratégias de programação ou artísticas”.
Menos de uma semana depois do corte, a Rede Globo também censurou um beijo entre mulheres na série Aruanas, exibida no horário das 23h.
Na versão do streaming Globoplay, o beijo de Olga (Camila Pitanga) e Ivona (Elisa Volpatto) dura cerca de 10 segundos. Na exibida na TV aberta, a cena é cortada quando os lábios se encostam.
Essa lógica continuou a ser reproduzida. Em Vai Na Fé, diversas cenas foram cortadas para não mostrar beijos entre Clara e Helena. Personagens da novela até viram beijos entre elas, mas o público não.
Em 26 de maio, uma sequência da novela mostrou diferentes casais com a música Blues Da Piedade, de Cazuza. Clara e Helena são o único casal que não se beijam. Todos os outros são casais héteros.
“É muito louco, porque na história o Theo teoricamente é um estuprador e as pessoas estão aceitando. Estão falando de um estuprador e todo mundo está ‘ok’. Agora um beijo de duas mulheres, por que incomoda tanto?”
- Regiane Alves, atriz de Clara.
Segundo a coluna da Carla Bittencourt, do Notícias da TV, a ordem da Rede Globo é sempre gravar cenas de beijos do casal de duas maneiras, para a direção avaliar o que vai ao ar ou não.
“Do que adianta produzir especiais como o ‘Falas de Orgulho’ [...] se em pleno 2023 executivos da empresa optam pelo corte de um beijo de um casal lésbico?”
- Sérgio Santos, crítico de novelas.