Conheça Xica Manicongo -

Por Kelly Ribeiro

Imagens: Pexels, Unsplash e reprodução

considerada a primeira travesti brasileira

A Câmara de São Paulo aprovou no dia 7 de junho um projeto de lei que regulamenta a nomeação de uma rua na Zona Sul da capital em homenagem a Xica Manicongo. A autora do PL foi Erika Hilton (PSOL).

Erika foi a vereadora mais votada em 2018 e primeira mulher trans a ocupar esse espaço. Se aprovado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), a via será a primeira em São Paulo com o nome de uma travesti.

- trecho da justificativa do projeto.

“Trazida sequestrada da região do Congo, pertencente à categoria das quimbandas de seu povo, sua expressão de gênero era lida pelo colonizador como feminina”

"Por anos, a historiografia retratou Xica enquanto Francisco, assassinando seu direito à memória. Somente com o movimento de travestis e pessoas trans na academia que foi possível trazer a verdade…"

Mas quem foi Xica Manicongo?

Considerada a primeira travesti não-indígena do Brasil, Xica foi uma pessoa escravizada que viveu em Salvador e trabalhou como sapateira, segundo documentos oficiais arquivados em Lisboa, Portugal.

O sobrenome Manicongo era um título utilizado pelos governantes no Reino do Congo para se referir aos seus senhores e suas divindades. Então pode-se traduzi-lo como “Rainha ou Realeza do Congo”.

No século XVI, as normas e regras da cisgeneridade eram ainda mais rígidas, mas Xica se recusava a usar vestimentas consideradas masculinas para a época e a se comportar “como um homem”.

Por conta da sua resistência, ela foi acusada de sodomia e julgada pelo Tribunal do Santo Ofício, instituição eclesiástica responsável por punir judicialmente crimes de “heresia”.

Além de tais denúncias, também foi acusada de participar de “uma quadrilha de feiticeiros sodomitas”.

Condenada a ser queimada viva em praça pública, foi pressionada a abdicar de suas roupas e adotar o estilo de vida determinado aos homens da época para conseguir fugir da pena.

- trecho da justificativa do projeto. 

“Xica Manicongo representa a luta das travestis brasileiras pelo seu direito à memória e reconhecimento e por isso é importante homenagear sua luta e existência”

Capa do cordel "Sertransneja" do coletivo Xica Manicongo.

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