Conheça Eulina Marcellino, primeira vereadora de Florianópolis

Por Kelly Ribeiro

A Câmara de Florianópolis reconheceu, em 20 de abril, Eulina Marcellino (PSD) como primeira vereadora da casa. Uma foto dela foi colocada na Galeria Lilás, espaço dedicado às vereadoras do Parlamento.

A instalação foi proposta por Carla Ayres (PT), vereadora responsável pelo projeto que desde 2019 reverencia a memória das parlamentares. Agora são 14 homenageadas.

Eulina Alves de Gouvêa Marcellino teve sua história redescoberta graças ao trabalho de pesquisa de Binah Ire Vieira Marcellino, sua bisneta, e Jeruse Romão, biógrafa de Antonieta de Barros. 

Curiosa sobre seus antepassados, Binah buscou fotografias da família e os traços da bisavó que não conheceu lhe chamaram a atenção, pois ela considerou as feições como sendo de uma pessoa birracial.

Ao longo da pesquisa, Binah descobriu que a bisavó foi fundadora de uma associação de professores em 1947, junto à Antonieta de Barros, e outros educadores. Foi então que ela procurou Jeruse Romão.

Juntas elas encontraram mais detalhes sobre a vida de Eulina. Entre as descobertas, a passagem dela pela escola normal, as nomeações como professora, a transferências de escolas e de cidades.

Eulina foi listada entre candidatos à vereança em Florianópolis em setembro de 1950. Além disso, uma nota do jornal O Estado afirmava que ela era a primeira mulher a assumir como vereadora na capital.

Na Câmara, Eulina atuou enquanto suplente substituindo os vereadores Miguel Daux e Osmar Cunha em duas ocasiões distintas.

De volta às suas anotações, Jeruse Romão encontrou referências que completavam a trajetória da educadora: Eulina foi normalista e amiga de Antonieta, tendo atuado com ela em projetos na educação.

Segundo a pesquisadora, ambas foram correligionárias no PSD. Em 1951, Eulina foi a única mulher da chapa do partido e, naquele período, Antonieta era uma das dirigentes do diretório do PSD.

Eulina Marcellino nasceu em 15 de abril de 1900 e viveu 72 anos, boa parte deles dedicados à área da educação. Foi homenageada com uma escola em seu nome em Riqueza, Oeste do Estado.

Em 1951, assumiu como suplente de vereadora pela primeira vez e se aposentou como professora no ano seguinte. Um ano depois, mudou-se para Curitiba, onde faleceu em 1972.

Bisneta de africana escravizada por parte de mãe, educadora e pioneira na política. O resgate de figuras como Eulina Marcellino é fundamental para que o Brasil reconheça suas verdadeiras heroínas.

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