As relações entre feminismo e amor segundo bell hooks

Por Daniela Valenga

“Se mulheres e homens querem conhecer o amor, precisamos aspirar ao feminismo. Porque sem o pensamento e a prática feministas não teremos a base necessária para criar laços de amor.”

A afirmação é da escritora, professora e ativista Gloria Jean Watkins (1952 - 2021), mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks.

A estadunidense é uma das pensadoras feministas mais conhecidas da atualidade, com obras que tratam de temas como feminismo, racismo, cultura, política, papéis de gênero, amor e espiritualidade.

bell hooks destaca que nas noções do patriarcado, a ideia de amor é relacionada a questões de paixão intensa e paradigmas de dominação e submissão.

“Sustentava a noção de que uma pessoa pode fazer qualquer coisa em nome do amor: bater em pessoas, restringir movimentos e até mesmo matá-las e chamar de ‘crime passional'”. - bell hooks.

A escritora recorda que, por conta disso, nos primeiros registros formais do feminismo, o amor foi interpretado como uma armadilha usada para dominar mulheres e, por isso, precisava ser combatido.

Segundo bell hooks, isso afastou mulheres do movimento, que sentiam que o feminismo negava a importância do amor, das relações familiares e da vida em comunidade.

“Em vez de especificamente desafiar os equivocados pressupostos patriarcais de amor, ela apenas apresentou o amor como um problema”. - bell hooks.

bell hooks não compreende o amor somente no âmbito de relacionamentos românticos, mas como algo que envolve familiares e amizades.

Para ela, o amor não é um simples sentimento, mas uma prática: uma ação de cuidado, afeição, responsabilidade, respeito, compromisso e confiança.

Nesse sentido, ela defende que o amor vai completamente ao encontro ao feminismo, pois ambos têm as mesmas bases.

No feminismo e no amor há a necessidade de todes serem respeitades e terem direitos, além de não haver temores em relação à subordinação ou abuso.

“A mutualidade é a base para o amor. E a prática feminista é o único movimento por justiça social em nossa sociedade que cria condições para que a mutualidade seja nutrida.” - bell hooks.

Por isso, bell hooks resume: “escolher políticas feministas é, portanto, escolher amar.”

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