Adinkra: tecnologia africana que guarda valores e filosofias ancestrais
Por Kelly Ribeiro e Humberto Baltar
A quarta temporada do podcast Narrando Utopias, Paternidades Plurais, conta com identidade visual composta por adinkras. Símbolos de origem africana que expressam valores e filosofias ancestrais.
“Cada símbolo traz um princípio que fala sobre como lidar com as emoções, como lidar com os nossos afetos, como se conhecer…”
- Humberto Baltar, especialista em masculinidades e paternidades
O conjunto de símbolos têm o nome do seu criador original, o Rei Nana Kwadwo Agyemang Adinkra, do povo Bono de Gyaman, hoje Gana. Existem vários tipos, inclusive adaptações dos originais.
Podem ser vistos em elementos arquitetônicos como grades, portões e janelas, e também servem de inspiração para tatuagens, para a moda, joias e outros acessórios. Conheça alguns deles:
Aya - O símbolo é uma estilização de uma samambaia. Planta conhecida por resistir a solos secos e falta de água e, portanto, por sua capacidade de adaptação a condições adversas.
Esse adinkra traz a ideia de independência, resistência, perseverança e desenvoltura, sugerindo essa superação de dificuldades.
Ananse Ntontan- Faz referência a Ananse, do povo Akan, uma aranha que se tornou a dona de todas as histórias existentes após cumprir uma missão muito difícil dada por uma divindade.
Em função disso, Ananse, possui seu próprio Adinkra, o Ananse Ntontan. Representado por uma espécie de teia. Carrega significados de sabedoria, de criatividade e das complexidades da vida.
Sankofa- Tem origem em um provérbio dos povos de língua Akan. Significa algo como “volte e pegue” e ensina sobre o valor de aprender com o passado para construir o presente e o futuro.
Pode ser representado como um pássaro com a cabeça voltada para trás ou como um desenho similar ao coração ocidental.
Akoma - Representado pelo símbolo clássico do coração ocidental. Significa "coração" em Akan.
Simboliza amor, paciência, fidelidade, carinho, resistência, boa vontade e consistência.
Duafe- Adinkra representado por um pente de madeira que traz o significado de beleza e também de limpeza, boa higiene.
Carrega também características mais relacionadas à feminilidade para o povo Akan, como amor, cuidado, prudência e paciência.
Esta temporada faz parte do projeto Narremos a Utopia, uma iniciativa do Inspiratorio.org para imaginar futuros feministas, interseccionais e inspiradores.