Julieta Hernández, a palhaça venezuelana vítima de feminicídio enquanto viajava pelo Brasil

Por Daniela Valenga

“Migrante, nômade, palhaça, bonequeira e cicloviajante”. É assim que Julieta Hernández, mulher venezuelana de 38 anos, se descrevia na bio de uma rede social.

No perfil, Julieta compartilhava a jornada de sua viagem  de bicicleta pelo Brasil, saindo do Rio de Janeiro em direção à casa da mãe, em Puerto Ordaz, na Venezuela. 

No início de dezembro, compartilhou que estava a caminho de Manaus (Amazonas). Entre os dias 22 e 23, disse em um grupo de WhatsApp que estava em Presidente Figueiredo, interior do estado.

A falta de informações sobre Julieta preocupou amigos da venezuelana, que acionaram as autoridades. O corpo dela foi encontrado no dia 5 de janeiro, numa pousada em que pernoitou.

Um casal que morava na pousada há 7 meses, confessou o crime. Segundo a polícia, há indícios de que antes de ser morta, Julieta foi estuprada e queimada. A causa da morte ainda não foi identificada.

Julieta viajava pelo Brasil como a palhaça Miss Jujuba na peça “Viagem de Bicicleta de uma Palhaça Só… Sozinha?”.

A palhaçaria, uma das artes e profissões mais antigas da humanidade, combina gestos, expressões vocais e histórias para envolver e levar reflexões ao público.

A palhaçaria feminista usa a arte e o riso para envolver o público em reflexões sobre a potência da mulher, entre outros temas.

Enquanto viajava pelo Brasil com sua arte, Julieta levava cultura e diversão para diferentes lugares e pessoas.

“Nossa palhaça Jujuba carregava seus sonhos na bike e gerava sorrisos pelo Brasil todo. [...] Sua vivacidade foi vítima de feminicídio e sua bike destroçada”, escreveu o Circo di SóLadies.

O caso repercute nacional e internacionalmente. Diversas personalidades prestam homenagem à artista e apoio a familiares e amigos de Julieta.

“Não tá certo um mundo em que uma artista que só levava arte e alegria a todo lugar, sofre as piores torturas e é assassinada”, destacou a deputada federal Maria do Rosário (PT/RS).

“Quando um artista é assassinado, um pouco da arte morre junto. Quando uma mulher morre, um pouco de nós morremos juntas.”, compartilhou a comediante Dadá Coelho.

“Até quando essa sociedade vai tolerar que nossas vidas e sonhos sejam tratados como descartáveis?”, questionou a vereadora do Rio de Janeiro, Monica Benicio (PSOL).

O Circo di SóLadies organiza uma campanha de colaboração financeira para apoiar os familiares de Julieta. 

É possível doar pelo PayPal “sophialarouge@gmail.com” ou pelo pix “contato@circodisoladies.com.br”.

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