“Ela é tudo”. É assim que o marketing do filme de 2023 descreve Barbie. Estreado por Margot Robbie, o longa traz uma variedade de atrizes interpretando diferentes versões da boneca.
Entre as Barbies do filme temos uma vencedora do Prêmio Nobel de Física (Emma Mackey), uma presidenta (Issa Rae) e uma diplomata (Nicola Coughlan).
Essas são algumas das mais de 200 profissões que a Barbie já assumiu nos 64 anos desde que foi lançada em 1959.
Ruth Handler foi quem idealizou a boneca, que exibia um corpo inspirado nas medidas de atrizes como Elizabeth Taylor e Marilyn Monroe. Por isso, a Barbie é relacionada a padrões irreais de beleza.
“Loira, branca, de olhos azuis e com um corpo magro e modelado, a boneca se tornou a inspiração de muitas crianças, enfatizado pelo seu slogan ‘Tudo que você quer ser’”.
- Elisa Araújo, publicitária.
A primeira versão da boneca foi vendida nas variações loira e morena. Uma das primeiras profissões foi de astronauta, em 1965, quatro antes do homem pisar na lua.
Em 1967, a Mattel, empresa dona da Barbie, sob o contexto da luta pela igualdade racial, lançou a primeira boneca negra do universo, uma prima da protagonista.
Na década de 80, com a campanha “bonecas do mundo” foram lançadas versões da Barbie que representavam culturas de diferentes países.
Na mesma década, em 1985, a Mattel lançou a campanha “Garotas podem fazer tudo”, em um momento em que o movimento feminista crescia.
Nos anos seguintes, diversas versões da Barbie foram lançadas, porém, a mais conhecida continuava a ser a branca, loira e magra, tanto em relação à boneca, como nos filmes lançados.
Em 2015, a Mattel teve uma queda no número de vendas, o que provocou uma reformulação da marca. O slogan da Barbie mudou para “você pode ser tudo que quiser” e foram lançadas bonecas mais diversas.
Hoje, a Barbie divide opiniões: ela é uma representação do patriarcado ou um ícone feminista?
“A minha filosofia ao criar a Barbie era que, através desta boneca, as meninas pudessem ser o que elas quisessem. A Barbie sempre representou a ideia de que a mulher tem sempre poder de escolha.”
- Ruth Handler, criadora da Barbie.
“Era uma mulher que trabalhava e que inspirava as meninas a serem tudo o que quisessem. No entanto, enquanto as políticas para a igualdade de gênero evoluíram e as reivindicações femininas ganharam eco, a Barbie permaneceu a mesma.”
- Marina Cohen, jornalista.
“Apesar da mudança publicitária da Barbie com o decorrer dos anos ter tido um viés mais feminista, ainda é possível verificar traços conservadores na boneca.”-Elisa Araújo, publicitária.
“Apesar daquela imagem cheia de cor-de-rosa e brilhos, a Barbie sempre foi uma boneca que permite que as meninas se projetem em uma vida de mulher independente.”
- Anne Monier, curadora de exposição sobre a Barbie.
“Inclusão de corpos diversos não é suficiente para apagar as consequências muito reais da sombra que a boneca projeta sobre todas e todos nós.”
- Fabiana Moraes, jornalista.