5 perspectivas para entender o ecossistema de desinformação

Por Joanna Burigo

Mentira como método? Conhecimento como antídoto!

O PL das Fake News tem sido um dos assuntos mais comentados nos últimos dias, mas as discussões sobre a regulação das redes sociais já ocorrem há anos.

O PL 2630 (2020) busca regulamentar e fiscalizar plataformas digitais, fortalecer a democracia, garantir direitos dos usuários, e diminuir discursos de ódio.

Sob relatoria de Orlando Silva (PCdoB-SP) o projeto foi retirado da pauta na Câmara Federal, recentemente (02/05), para reavaliar sugestões feitas para o texto. 

O Estado brasileiro também tem atuado por meio da justiça criminal, para conter o avanço da difusão de informações falsas que corroem a democracia. 

Entre as ações está o Inquérito das Milícias (2021), que apura organizações criminosas contra a democracia e o Estado de Direito. Prorrogada seis vezes, a investigação está prevista para durar até julho de 2023.

Já a Operação Venire (2023), parte do inquérito das milícias, investiga o atentado à saúde pública na falsificação de dados de vacinação que envolve o governo Bolsonaro e diretamente a sua família.  

Joanna Burigo, especialista em Gênero, Mídia e Cultura, mapeou investigações e análises sobre o papel das big tech na corrosão de democracias e as relações com milícias digitais.

Algumas dessas investigações têm embasado as decisões do ministro Alexandre de Moraes sobre o ecossistema de desinformação sustentado por milícias digitais.

Para a pesquisadora, que defende o conhecimento como antídoto contra mentiras e desinformação, muitas destas investigações mostram o papel do Brasil contra a colonização patriarcal da internet. 

Exemplo do que Burigo chama de colonização patriarcal é o Brasil Paralelo: o maior promotor de antifeminismo é também o maior anunciante político do Google. Vamos às análises e investigações?

Pesquisa investiga como as plataformas gerenciam a monetização discurso de ódio, e em despacho de 02/05 Moraes determina depoimentos de Google, Meta, Spotify e Brasil Paralelo, para que esclareçam sua contribuição com a desinformação.

1- NetLab UFRJ, 2022

As linguistas brasileiras decodificaram o que vêm chamando de "ecossistema de desinformação", que tem relação com o Gabinete do Ódio.

2- Eliara Santana e Letícia Sallorenzo, 2022

A jornalista galesa fala sobre a responsabilidade das big techs pela corrosão da democracia e Estado de direito – que, na época, Burigo chamou de "colonização da internet pela soberba patriarcal".

3- TED Carole Caldwalldr, 2019

Colonialismo Digital (Boitempo) discute o combate à desinformação e as influências das tecnologias digitais para a dinâmica de luta de classes e racismo.

4- Deivison Faustino e Walter Lippold, 2022

5 - Joanna Burigo, 2022

Segundo a pesquisadora, termos como "análise de big data" nas redes sociais para "pulverização de fake news" soam sofisticados, mas são termos “gourmet” para as mentiras e manipulação de massas do patriarcado. 

Acompanhe mais reflexões de Joanna Burigo na coluna Pílulas de Discernimento.