5 mulheres pioneiras na história do Carnaval brasileiro

Por Kelly Ribeiro

O Carnaval é uma das maiores e mais populares manifestações culturais do país. Mas nem sempre foi tão democrática assim. A participação das mulheres, por ex., por vezes foi desvalorizada ou apagada.

Separamos 5 delas que, apesar dos preconceitos da época em que viveram, abriram alas e contribuíram de alguma forma para a grandiosidade da festa como conhecemos hoje. 

Tia Ciata nasceu em 1854 na Bahia e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1876. É uma das mais conhecidas “tias”, mulheres baianas que abriam suas casas como um local seguro para festas e reuniões.

Na casa da ialorixá e quituteira se reuniram nomes como Pixinguinha, Donga e Sinhô. Pelo Telefone (1917), considerado o primeiro samba, foi composto em um desses encontros.

Chiquinha Gonzaga compôs a primeira marchinha de carnaval da história e a primeira música específica para a data, "Ó Abre Alas", feita para o Cordão Carnavalesco Rosa de Ouro, em 1899.

"A partir de agora o carnaval ganhava música própria. Mais que um batismo, Ó Abre Alas confirmava o carnaval como festa popular e promovia o seu casamento com a música urbana"

Primeira mulher a se destacar como compositora de samba-enredo, Dona Ivone Lara não podia assinar suas composições devido ao machismo da época, no fim dos anos 1940. Um primo dela assumia a autoria.

Sua estreia oficial na Ala dos Compositores do Império Serrano foi com o samba-enredo “Os cinco bailes tradicionais da história do Rio”, de 1965, composto por ela, Silas de Oliveira e Bacalhau.

Carmelita Brasil é tida como a primeira mulher a dirigir uma escola de samba, à frente da Unidos da Ponte, escola de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

A compositora também foi responsável pelos sambas enredos da escola entre 1959 e 1964. Além do pioneirismo no carnaval, foi a primeira mulher eleita vereadora no estado do Rio de Janeiro, em 1947.

A ialorixá Hilda Dias dos Santos (1923-2009), Mãe Hilda Jitolu, é a matriarca do primeiro bloco afro do Brasil, criado em Salvador: o Ilê Aiyê. Seu papel de liderança se desdobrou em várias frentes. 

Ela desenvolveu um extenso trabalho de conscientização na comunidade negra e foi decisiva para a concepção do bloco que influenciou cantores como Gilberto Gil, Margareth Menezes e Carlinhos Brown.

Ainda que não dê para creditar toda a produção daquelas que vieram antes, principalmente fora do eixo Rio x São Paulo, é importante reverenciar essa ancestralidade. Carnaval também é sobre isso.

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