Jornalista e feminista, a argentina Mariana Carbajal, que atua no periódico Página 12, tem se dedicado a denunciar grupos conservadores que negam os direitos das mulheres e população LGBTI+ com discursos que distorcem a realidade e promovem terrorismo moral. Integrante do Coletivo Ni Una Menos e da Rede Argentina de Jornalistas Por uma Comunicação Não Sexista (PAR), foi uma voz crítica no caso da menina Lucia de 11 anos, da província de Tucumán, que violada pelo companheiro da avó teve seu direito ao aborto legal negado, enquanto um editorial do jornal “La Nación” romantizou o caso, defendendo a continuidade da gravidez mesmo na infância.

Lucia foi a segunda menina violada que foi impedida de acessar o direito ao aborto na Argentina em apenas um mês. Nos dois casos ocorridos no início deste ano, o direito ao aborto legal por estupro foi postergado e se converteu em cesariana, isso porque toda a equipe médica se negou a realizar o procedimento, fazendo uso da chamada objeção de consciência.

“Dentro do Estado, do sistema de saúde lhe impuseram obstáculos arbitrários e ilegais, a submeteram a tortura para evitar que acessasse o seu direito a interromper voluntariamente sua gravidez, produto de uma violação. Claramente os setores anti-direitos estão no Estado, o que é grave”, explica sobre o caso.

Mariana apresentou o caso de Lucia no Seminário Ameaças à Liberdade de Imprensa em Contextos de Desinformação/ Foto: Paula Guimarães

Entenda o caso no artigo de Mariana. 

Como jornalista afirma sua posição feminista, entendendo a integração destas tuas paixões como premissa para um exercício profissional ético, atento a denunciar as desigualdades. “Claramente essa é a minha agenda, e creio que é um compromisso ético frente à realidade que vivemos em nossos países de ampliação das desigualdades e de crescimento destas vozes que atentam contra os nossos direitos e nossas vidas. Vou seguir fazendo mais jornalismo feminista”, afirmou em entrevista ao Portal Catarinas.

Recentemente publicamos uma reportagem em que Carbajal relata o caso de estudantes argentinas/os que produziram seu próprio manual de educação sexual integral como resposta criativa à negação deste direito pelo Estado. “Estes grupos anti-direitos se posicionam contra a educação sexual integral. Falam da ideologia de gênero como se fosse um malefício que vem para converter em gays e lésbicas os meninos e meninas nas escolas, como se os ensinassem a se masturbar desde a tenra idade com vídeos pornográficos, toda a mesma tergiversação com más intenções que vêm fazendo em toda a região com distintas caras. A estratégia é retroceder em nossos direitos e acima de tudo influenciar as políticas públicas contra os avanços que têm a ver com a vida de mulheres lésbicas, travestis e trans”, avalia.

Ao lado de outras jornalistas latino-americanas, ela foi uma das vozes do Seminário Ameaças à Liberdade de Imprensa em Contextos de Desinformação, que aconteceu no último mês, em Montevidéu, no Uruguai. Em entrevista ao Catarinas, Carbajal falou sobre a necessidade de um jornalismo posicionado que enfrente a avalanche de desinformação, orquestrada por grupos anti-direitos. Tal ofensiva conservadora é similar à que vivemos no Brasil e, que segundo outras jornalistas, tem se fortalecido na América Latina.

Assista à entrevista (ative a legenda em português):

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