Por Elaine Schmitt.

“A Identidade que TRANSforma” é tema e título do vídeo documentário produzido, por Beatriz Flório Pereira, Raquel Baes Correia e Talissa Fávero Gouvêa, em 2018.

As recém jornalistas, formadas pela Universidade de Araraquara, São Paulo, decidiram tratar sobre a importância da retificação do nome para a construção da identidade de pessoas transgêneros e que não se identificam com seu sexo designado no nascimento, em seu trabalho de conclusão de curso.

Desde 2017, a Ordem dos Advogados do Brasil aceita a adoção do nome social em identificações não oficiais, como crachás, matrículas escolares e na inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas, em nome do respeito à dignidade humana, foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, em março de 2018, a mudança de nome e sexo tanto no processo judicial quanto em cartório, sem a necessidade de submissão a cirurgias.

Com base nesta nova determinação, a narrativa de “A identidade que TRANSforma” explora os constrangimentos vividos publicamente, o desejo da retificação do nome e a difícil relação com a esfera familiar, a partir dos relatos de experiência de vida de Étory, Natália, Enzo e Théo. Além dos relatos, foram convidadas (os) especialistas das áreas psicológica e jurídica que pudessem explicar processos comuns nestes casos e propor reflexões necessárias para o avanço de políticas que permitem o justo e eficaz reconhecimento destes sujeitos.

A revisão do viés biologista sobre a identidade de gênero para um viés cultural, tema debatido desde a segunda metade do século XX por teóricas (os) e estudiosas (os) feministas e culturais, faz parte do documentário. Se em um momento a genitália carregada desde o nascimento foi definidor da identidade de cada indivíduo, a compreensão ampliada sobre a construção social identitária transformou a visão que tínhamos sobre o assunto e comprovou a existência de processos perversos no que diz respeito ao tratamento jurídico de pessoas LGBTQI+.

De acordo com Talissa, o interesse em produzir conteúdo como este, tem a ver com a função social maior do jornalismo, que é levar informação adiante. “Queria que várias pessoas pudessem ouvir as histórias emocionantes que tivemos a oportunidade de ouvir e, talvez, ter um pouco mais de empatia”, afirma a jornalista.

Em tempos de tamanho retrocesso político e perda de garantias, com o risco da população LGBTQI+ ficar desassistida no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que tem à frente Damares Alves – alguém que parece não compreender o sentido da separação entre Igreja e Estado –, vemos a democracia e a vida de milhares em risco.

É fundamental, então, a produção e divulgação de conteúdos que desestabilizam posicionamentos ultraconservadores e entram na contramão da informação que circula, principalmente, nos grupos familiares de whatsapp.

 

Assista, com exclusividade, ao documentário:

 

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