“Histórias e lutas inscritas em nossos corpos e expressas em nossa saúde: nenhum direito a menos”, foi o tema do Seminário Nacional de Saúde da Mulher que integra a campanha rumo a Conferência Nacional

Com o objetivo de ouvir as demandas sociais para a construção da 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), realizou em Brasília, durante os dias 04 e 05 de novembro, o Seminário Nacional de Saúde da Mulher. O evento contou com a participação de 200 pessoas representantes de movimentos sociais de todos os estado brasileiros.

Para Mariana Franco, ativista da UNA/LGBT de Jaraguá do Sul, o espaço de discussão foi essencial para estabelecer paralelos com as realidades no atendimento à saúde da mulher em outros estados e compará-los com a situação catarinense, principalmente a relativa às transsexuais. “A sociedade vê a saúde da mulher apenas como a questão da maternidade. Não se dá atenção para assistência básica. Ainda temos uma realidade em que muitas mulheres tem vergonha de seu próprio corpo e precisam conhecê-lo, eventos como esse fazem as mulheres construírem seu empoderamento”, diz.

A vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Santa Catarina (Sindsaúde/SC), Juliana Franco, reforça que os estados precisam se organizar para realizar etapas municipais e estaduais que ouçam as mulheres. “Nesse espaço podemos discutir os temas antes de nossas conferências estaduais e municipais. Debater os eixos e trocar experiências nos faz sair daqui nos sentindo mais fortalecidas”.

Seminário Nacional de Saúde da Mulher, 2016. Reprodução/CNS
Seminário Nacional de Saúde da Mulher, 2016. Reprodução/CNS

Cerca de 100 entidades participaram do encontro, abordando o tema central e interseccionalidades. Heliana Hemetério, conselheira nacional de saúde pelo seguimento LGBT e ativista da ABGLT, recorda que o CNS realizou apenas uma conferência com o tema, há 30 anos, e que este seminário traz para o conselho as demandas das mulheres que serão discutidas na 2ª conferência nacional, prevista para acontecer em agosto de 2017, conforme estabelece a portaria número 1.016, de 11 de maio de 2016, do Ministério da Saúde.

“A saúde da mulher não é prioridade na assistência básica e a rede não deu conta de atender as especificidades de cada uma de nós, lésbicas, mulheres das águas, das matas, mulheres negras, transsexuais. Então o CNS tirou como primeira demanda realizar esse seminário de saúde das mulheres para atentar novamente para esse ponto da representatividade e especificidade”, aponta Heliana Hemetério.

Angela Guimarães, presidenta nacional da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) destaca que a iniciativa valoriza os movimentos sociais. “Tivemos muitos avanços nos últimos anos, mas a política integral precisa da conferência para atualizar a política de saúde das mulheres que são as primeiras a enfrentar os agravos como racismo, violência e situações que atingem as jovens mulheres. Avançamos muito, mas não tivemos espaços para levar isso a diante e o seminário tem esse papel. Precisamos ter mais espaços construídos pelos movimentos sociais”, argumenta.

Com informações de Vitória David.

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