Para as mulheres, o cenário global ainda é marcado pela violência patriarcal e capitalista. A exploração da classe trabalhadora, as desigualdades de gênero e a intolerância são motivos contundentes que impulsionam as mulheres a saírem às ruas, em um movimento internacional conhecido como 8M. As brasileiras acenam positivamente ao novo chamado para a Greve Internacional de Mulheres, no próximo 8 de março, data em que ocorrerão paralisações e atividades de massa por todo o país. No Brasil, a tônica do 8M 2018 fica por conta do enfrentamento às medidas que retiram direitos sociais, aprofundadas no último ano, e que refletem com mais impacto na vida das mulheres.

“A luta contra o capitalismo é um chamado importante, mas ele repercute especialmente no Brasil em um contexto específico de um golpe, nossa luta vai ser também contra a reforma da previdência e os efeitos da já aprovada reforma trabalhista”, diz Adriane Canan, da comissão de comunicação do 8M SC em entrevista coletiva concedida pelo movimento no dia 8 de fevereiro. Desde janeiro, um conjunto plural de ativistas articula uma série de ações de mobilização que precederão o 8 de março em Santa Catarina. Formado por mulheres da cidade e do campo, trabalhadoras, feministas, estudantes, mulheres negras, LBTs, sindicalistas, organizadas em partidos e da área da cultura, o 8M SC procura agregar as especificidades da luta das mulheres, unificando corpos e ideias na resistência ao patriarcado e ao capitalismo.

Com o mote “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”, além da paralisação de qualquer atividade em 8 de março, o 8M 2018 propõe um boicote às marcas que são denunciadas por trabalho escravo ou a ele coniventes e que façam apologia às diferentes violências cometidas contra as mulheres. Realizada durante um período de votações da reforma da previdência no Congresso Nacional, a pauta das reformas previdenciária e trabalhista e seus efeitos para as mulheres, são temas que também serão tratados nos atos do 8M.

O coletivo que organiza as atividades tem como característica a pluralidade e a horizontalidade das decisões. O convite para participação é aberto. Não há um único setor social que define as pautas, é a junção de várias iniciativas que vão acontecer em diferentes espaços. | Foto: Clarissa Peixoto / Portal Catarinas

No calendário de mobilizações estão previstas rodas de conversas, debates, atos, exposições e seminários. Para mobilizar as mulheres trabalhadoras, uma carta foi enviada ao movimento sindical, que chama à paralisação no dia 8 de março e convoca as mulheres das diversas categorias do setor público e privado a integrarem à organização do movimento. Para dialogar com as mulheres das periferias da capital, reuniões estão sendo agendadas com as associações de moradores dos bairros da cidade. Para o dia 8 de março, o ponto de encontro será no Largo da Alfândega, no centro de Florianópolis. Várias oficinas e apresentações estão  programadas. No final da tarde, uma marcha das mulheres vai ocupar as ruas da capital.

Além de Florianópolis, outras cidades no interior do estado começam a se organizar para aderir à paralisação e levantar as demandas de cada região, Araranguá e Caçador já agendaram encontros, outras ainda estão em diálogo com os movimentos.

.:.Divulgações de atividades e reuniões na Página do 8M SC

O 8M

A expressão 8M teve origem em 2016 na Espanha a partir de um grupo de feministas que organizava o Dia Internacional das Mulheres de 2017 e construía a proposta de uma greve internacional. Depois do continente europeu, a ideia se espalhou e ganhou força na América Latina nos atos argentinos denominados #NiUnaMenos. Em 2017 somente no Brasil, mais de 70 cidades registraram atos e paralisações das mulheres. Em Santa Catarina 16 cidades fizeram atividades e na capital catarinense, foram 15 horas de manifestações.

Relembre o 8M do ano passado

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