No Brasil, segundo o Dieese 79,6%, das empregadas domésticas são negras. Em Siderópolis esse número ainda é maior, herança do colonialismo. A frase que serve de orientação para essa postagem é empregada cotidianamente para mascarar a face de uma “senzala moderna”. Quando utiliza-se a frase “Ela é quase da família”, há uma distorção da realidade de laços familiares.

Ser QUASE da família, na maioria das vezes, significa ter seu nome quase lembrado, trocado por “minha empregada” nas rodas de conversa. Das madames “bruzundangas” (leia Lima Barreto).

Ser QUASE da família é sentar-se para almoçar quase na mesma hora com que os donos da casa sentam.

Ser QUASE da família significa ser quase uma convidada normal, mas ter que lavar a louça no final das festas dos “patrões”, mesmo recebendo convite.

Ser QUASE da família, significa ser quase paga de forma justa, equivalente ao que se trabalha.

Ser QUASE da família significa ser quase ouvida quando deixa seus filhos doentes em casa, para cuidar dos filhos dos outros.

Ser QUASE da família significa ser quase respeitada.

E… a todxs que lutam por um município, um país humanizado, mas… por ora praticam o QUASE dentro de suas casas…

Convenhamos, é a mesma coisa que comer caviar com farinha. Não combina!

Giselle Marques é arte-educadora e coordenadora do Fórum da Mulher Negra Sideropolitana.

O jornalismo independente e de causa precisa do seu apoio!


Fazer uma matéria como essa exige muito tempo e dinheiro, por isso precisamos da sua contribuição para continuar oferecendo serviço de informação de acesso aberto e gratuito. Apoie o Catarinas hoje a realizar o que fazemos todos os dias!

Contribua com qualquer valor no pix [email protected]

ou

FAÇA UMA CONTRIBUIÇÃO MENSAL!

  • Giselle Marques

    Arte-educadora, tem trabalhos embasados nos estudos de gênero e raça. Autora do livro "O mundo de Oyá".

Últimas