Ao ver Lídia Szczygel, a primeira coisa que impressiona é o fato dela não aparentar ter 70 anos. Geralmente as mulheres que trabalham na roça, tem sua pele queimada pelo sol e suas mãos calejadas. É tão comum que alguns funcionários do INSS usam essas características para avaliar o pedido de aposentadoria de algumas mulheres agricultoras. Se dona Lídia passasse por essa avaliação, ela certamente seria reprovada.

Uma mulher vaidosa, unhas feitas, cabelo pintado e bem escovados. Viúva, dona Lídia mora com dois filhos; um que trabalha fora e o outro que é especial. Cuidou durante um bom tempo de sua mãe, uma senhora que beira os 100 anos. Hoje, devido às dores nas costas, o cuidado passou para sua irmã mais nova.

Já não mora no sítio, saiu de lá depois que se aposentou e que o marido faleceu. Comprou uma casa na cidade, muito diferente do que ela tinha quando morava na roça. A nova casa tem investimento dos seus outros sete filhos, mas ela diz que grande parte foi o dinheiro da sua aposentadoria que pagou. A casa está recém pintada, tem calçada e garagem.

Lídia também comprou carro e tirou a carteira de motorista com o próprio dinheiro. Hoje, se orgulha de contar que viaja por várias cidades da região. Apesar das recomendações dos seus filhos sobre acidentes, ela diz que não tem medo.

No interior, não há sedes fixas das agências da previdência. Ocorre um rodízio nas localidades para encaminhar os benefícios. Apesar disso, Lídia não teve dificuldade em acessar o direito: bastou o funcionário do INSS chegar à cidade para que ela saísse do atendimento aposentada, aos 55 anos.

Ativa nos debates políticos, ela questiona as mudanças da aposentadoria propostas por Michel Temer. “Esse projeto é péssimo. Como é que os grandes se aposentam cedo e com um salário alto e nós, que trabalhamos tanto, temos que nos aposentar com tão pouco e tão tarde?”, questiona.

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