As integrantes da Rede de Mulheres Ixhiles (OSOREMI de Nebaj), na Guatemala, publicaram uma nota em que expressaram indignação frente ao assassinato da colega ativista Juana Ramirez Santiago, assim como se solidarizam com a sua família e comunidade. Juana Ramirez Santiago, 56 anos, era uma mulher Ixil Maya (povo Maia da Guatemala) que tinha 7 filhas e filhos. Ela dedicou sua vida às mulheres Ixil, sendo uma parteira e defensora dos direitos humanos. Por causa de seu trabalho em prol das mulheres, nos últimos meses Juana recebeu ameaças de diferentes atores. Na última sexta-feira (21), às 18h, foi morta com uma arma de fogo durante o trajeto que fazia para levar comida ao marido, no centro urbano de Nebaj, local onde ele trabalha.

Juana fez parte do Conselho da Rede de Mulheres Ixhiles e era ativa no processo de luta contra a violência de gênero na região Ixil, promovido pela Defesa da Mulher I’x. Segundo a rede, muitas defensoras, assim como a vítima, foram submetidas a vários atos de intimidação desde 2004. No ano passado, em particular, os ataques contra as ativistas aumentaram através de ameaças, intimidações e até mesmo agressão de três defensoras em vias públicas.

O feminicídio de Juana se soma aos assassinatos de 19 defensoras e defensores da Guatemala neste ano, o terceiro ataque na região Ixil. Antes de Juana, foram mortos no final de julho Juana Raymundo, e no início de setembro Jacinto David Mendoza. Tal contexto, segundo informou a rede, “gera forte preocupação com a situação dos direitos humanos na região”. A organização lembra que os crimes acontecem no ano em que ocorre o vigésimo aniversário da “Declaração sobre os Defensores dos Direitos Humanos” das Nações Unidas”, instituída em dezembro de 1998.

“Nesta situação, solicitamos às instituições do Ministério Público e autoridades que o assassinato de nossa colega Juana Ramirez Santiago seja investigado e que capturem, processem e punam os seus autores materiais e intelectuais no menor tempo possível. Que todas as mortes de defensoras e defensores de direitos humanos do país sejam investigadas e se encontrem os responsáveis, a fim de romper o clima de impunidade que rodeia esses crimes e favorece a sua repetição. Que sejam tomadas as medidas de segurança necessárias e proteção para a família de Juana Ramirez Santiago e medidas de proteção coletiva à Junta Diretiva de ASOREMI e à equipe da Defesa da Mulher I’x. Apelamos igualmente às organizações sociais, organizações de defensores direitos humanos e membros da comunidade internacional a manter-se alerta para a situação crítica dos direitos humanos e incentivar o governo da Guatemala para fortalecer suas políticas e programas de proteção de defensores dos direitos humanos no país”, diz a nota da rede.

De acordo com o site Opera Mundi, o local é conhecido por ter sido uma das áreas mais atingidas por assassinatos e conflitos durante a guerra civil de 1960-1996, que incluiu casos de limpeza étnica contra os nativos maias e guerrilheiros locais que se opuseram ao governo guatemalteco.

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Guatemala condenou o assassinato, prestando solidariedade aos amigos e parentes de Ramirez e afirmando que “confia nas investigações” dos promotores locais.

Ainda segundo o portal de notícias, desde maio de 2018, ao menos oito ativistas de direitos humanos e indígenas foram assassinados no país centro-americano. A Unidade de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua) registrou 135 agressões, 13 assassinatos e duas tentativas de assassinato contra ativistas entre 1º de janeiro e 08 de junho deste ano.

Com informações do comunicado da rede publicado na Imprensa Comunitária.

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