Todos os anos, no aniversário de Luiz Gonzaga, em 13 de dezembro, forrozeiros do Brasil e do mundo comemoram o Dia Nacional do Forró. Nesse dia, Srta.V traz uma homenagem especial às mulheres compositoras e intérpretes convidando Luciana Lima para o forró mais tradicional de Floripa, no bar De Raiz, casa que abriga todas às terças o Forró da Joaquina. Xyss Bastos, cantora da Banda do Caneco de Blumenau, e Pati Soares, forrozeira da ilha, são convidadas da noite. Entre as compositoras homenageadas, que terão suas músicas interpretadas por Srta.V, estão Tatiana Cobbett e Iara Germer.

O Rei do Baião, carinhosamente chamado de Seu Lua, sanfoneiro carismático compositor da “Asa Branca”, ficou conhecido por se apresentar vestido de cangaceiro quando pouco se ouvia de música do nordeste no restante do país. Foi através dele que o estilo se espalhou por todo o Brasil, e por isso, desde 2005, o dia do seu aniversário acabou se tornando o Dia Nacional do Forró.

O que poucas pessoas sabem é que o Rei do Baião nomeou Marinês como a Rainha do Xaxado e Carmélia Alves a Rainha do Baião. E assim como elas, outras mulheres fizeram história no forró, como Cecéu, que compôs “Bate coração”, conhecida na voz de Marinês, e “Homem com H”, uma parceria com seu marido Antônio Barros, eternizada na interpretação de Ney Matogrosso.

Outra história de amor que rendeu muitas composições no forró foi a de Anastácia com Dominguinhos, como é exemplo a música “Eu só quero um xodó”, gravada mais de 250 vezes e até em versões internacionais em inglês, holandês e italiano.

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De acordo com Voigt, Luiz Gonzaga trouxe o forró para o restante do Brasil, Dominguinhos deu o primeiro toque de modernidade, e por fim, a onda do Forró Universitário iniciada pelo Falamansa conquistou o mundo todo. “Recentemente, a voz grave de Janaína Pereira envolveu a todos no programa Super Star com a banda Bicho de Pé. O que prova que independente da indústria cultural, em festivais espalhados por todo o Brasil e também no exterior, o forró segue crescendo com destaque para a representatividade das mulheres”, afirma a compositora.

A forrozeira explica que o forró pé-de-serra se diferencia por instrumentos como zabumba, triângulo e sanfona ou rabeca, ou viola que tem uma sonoridade bem diferente do chamado “forró de plástico”, com teclado, bateria, dançarinas. “Esse tipo de forró traz a cultura popular viva e em desenvolvimento constante”, destaca.

Paixão pelo forró
A cantora e compositora catarinense Carol Voigt, apaixonou-se pelo forró quando morava em Brasília e foi convidada a gravar um forró dos amigos Peninha Vieira e Gilberto Bellino. A música “Forró do rala-coxa” foi selecionada para o Festival de Forró de Itaúnas (FENFIT) em 2008, e desde então, apesar das influências do jazz e da MPB, optou por seguir cantando e até compondo músicas nesses ritmos originários do nordeste.

Antes ainda de gravar seu disco, foi convidada por Nivaldo do Acordeon para gravar duas faixas de autoria dele com Anastácia. Mais tarde lançou seu primeiro álbum intitulado Srta.V, em 2013 , sob a direção musical do maestro Marcos Farias, filho de Marinês. A banda “Srta.V” surgiu alguns anos antes, inicialmente formada só por mulheres e depois de várias formações mistas, passou a ser o nome artístico da vocalista. Apesar dos diversos trocadilhos, Carol empresta a primeira letra do seu sobrenome ao título que a representa.

Desde o ano passado, Srta.V apresenta-se na maioria das vezes acompanhada dos músicos de Florianópolis Marcelo Besen na sanfona, Neno Moura na zabumba e Vavá Pomar no pandeiro e triângulo.

Convidada especial
A cantora gaúcha Luciana Lima viveu no Espírito Santo por vários anos, e foi premiada nas três edições do Festival Nacional Forró de Itaúnas (Fenfit) das quais participou. Gravou o primeiro disco da banda “Mandachuva”, em Vitória, com a qual conquistou o 4º lugar no I Fenfit e o 3º lugar na segunda edição deste festival, que é reconhecido internacionalmente e considerado o maior festival de forró do Brasil. Em Vitória desde 2000, Luciana já era conhecida como compositora da música “Saudade de Itaúnas” quando em 2003 participou do III Fentit e levou o 2º lugar, além do prêmio de Melhor Intérprete. Atualmente é atriz criadora do espetáculo musical “Simplesmente Elis – O último Suspiro”.

Produção feminina
A produção artística feminina tem sido tema de diversos festivais e encontros, como, por exemplo, o Sonora Ciclo Internacional de Compositoras que começou em Belo Horizonte e se expandiu para diversas capitais brasileiras e até internacionalmente. Em outubro deste ano aconteceu a primeira edição em Florianópolis reunindo compositoras de todos os estilos. O evento organizado pelas próprias compositoras e intérpretes lançou um novo olhar sobre as mulheres enquanto protagonistas na música.

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O Sonora Ciclo Internacional de Compositoras reuniu 30 artistas do estado em Florianópolis /Foto: Chris Mayer

Serviço:
O que: 
Dia Nacional do Forró – Srta.V e Luciana Lima no Forró da Joaquina
Local: De Raiz
Data: 13/12/2016
Horário: 23h
Ingressos: R$ 20,00 até meia-noite (sujeito a alteração)
RS$ 5,00 de desconto com nome na lista (basta confirmar presença no evento no facebook. O evento será lançado com apenas uma semana de antecedência na página oficial dos eventos do De Raiz.

 

 

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