O assassinato da vereadora DO PSOL, Marielle Franco, e do motorista do carro onde a parlamentar estava quando foi alvejada por cinco tiros,  Anderson Pedro Gomes, na noite desta quarta (14), chocou movimentos ligados aos direitos humanos, personalidades políticas e artísticas. Mais de dez cidades planejam atos populares de denúncia ao que se pode considerar execução política com o intuito de calar uma das ativistas e políticas fluminenses mais promissoras.

Quinta candidata mais votada nas últimas eleições municipais, Marielle exerceu por pouco mais de um ano o cargo que representava, mais do que uma cadeira na câmara do Rio de Janeiro, uma marca histórica: era uma mulher negra que cresceu na favela de uma das cidades mais violentas do país. Com um perfil assim, viveu os 38 anos lutando para não inflar as já esmagadoras estatísticas que demarcam o abismo racial no Brasil.  Foi mãe adolescente, virou socióloga e ativista na luta contra as ações violentas na favela especialmente depois da morte uma amiga durante um tiroteio entre policiais e traficantes de drogas no Complexo da Maré. Era uma das sete mulheres na Câmara composta por 51 vereadores e uma das poucas pessoas negras a ocupar o cargo na segunda cidade com maior número de “pretos e pardos”, classificação do IBGE.

Há duas semanas, Marielle assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro. Na semana passada, divulgou post público em rede social com o texto “Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior. ”

“A Mari era uma mulher de luta, corajosa, amorosa, sua incrível votação como vereadora representa a resistência e a luta das mulheres negras que ela tão bem representava. Estamos muitos tristes, ela vai fazer muita falta”, disse a advogada Luciana Boiteaux, militante do PSOL no Rio de Janeiro. O setorial de mulheres do partido também se manifestou. “Não vamos nos calar diante de tamanha brutalidade, tampouco mediremos esforços para honrar as batalhas que a companheira travou em vida. Queremos imediata apuração dos fatos! Queremos a verdade!”, afirmou, em nota.

A ex-presidenta Dilma Rousseff também publicou nota sobre o caso. “As circunstâncias dessas mortes – baleados dentro do carro, no Centro do Rio –, são absolutamente chocantes e podem indicar que foram executados. Estou profundamente chocada, estarrecida e indignada. Espero que as investigações apontem os responsáveis por este crime abominável. As mortes violentas de Marielle e de Anderson precisam ser apuradas com o rigor da lei. Tristes dias para o país onde uma defensora dos direitos humanos é brutalmente assassinada”.

Veja onde haverá atos públicos:

Florianópolis: 17h, na Esquina Feminista

Belo Horizonte: 17h30, na Praça da Estação

Rio de Janeiro: 17h no Palácio Tiradentes

São Paulo: 17h no MASP

Recife: 16h na Câmara de vereadores

Brasília: 11h, anexo II da Câmara

Natal: sede do Psol

Curitiba: prédio histórico da UFPR

Salvador: UFBA

Belém: 17h, no mercado de São Brás

Porto Alegre: Esquina Democrática

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